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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu" - 05/07/2020

A comunicação com o exterior era feita por um largo Portão de Armas em cantaria trabalhada, encimado por arco de volta perfeita e com um nicho superior inscrito no arco. Adiante da porta desenvolvia-se um balcão e uma longa escadaria de três lanços estendia-se até ao mar. Sobre o portão de armas encontra-se a seguinte inscrição epigráfica: "Esta Fortaleza fez o Governador e Capitão general Bartolomeu Vasconcelos da Cunha da primeira pedra do cimo, no ano de 1654. Neste tempo era provedor da Fazenda Francisco de Andrada, que assistia às despezas da fortificação e ajudou muito esta obra".

O provedor descreveu, em carta de 21 de abril de 1664, as dificuldades das obras, opinando que em breve a fortaleza estaria quase concluída e que o relativo atraso nas obras devia-se a ter-se dado" por uma parte dela com quantidade de rocha rija", pelo que "os gastadores" estavam "desbastando sempre" e assim se iria "continuando a romper a dita pedra, até ficar capaz de se de poder obrar com pedra e cal".

Prossegue opinando que em breve estaria apta a receber seis peças de artilharia, três de bronze e três de ferro e, quando pronta, "capaz de 12", salientando que as peças a ser instaladas " haveriam de ser de alcance, e não como as que possui, que são meios-canhões". À época, a fortaleza encontrava-se guarnecida desde 1658, encontrando-se, como referido, artilhada.

A 23 de março de 1670, o provedor, também em carta, volta a informar sobre o andamento das obras: "A fortaleza do Ilhéu se começou a fabricar há quatorze anos, pouco mais ou menos. E há doze anos que assistem nela soldados em casa que têm, com 6 peças de artilharia: 3 de bronze e 3 de ferro; com um mastro no meio dela, com um estandarte que dá sinal a esta cidade por que parte aparecem os navios".

Na mesma missiva, solicita que seja atribuída uma verba para lenha e azeite para o corpo da guarda do Ilhéu, sugerindo que se devia fazer como na de São Lourenço, vindo "um escrito" à Alfândega para que o almoxarife o pudesse pagar. A autorização chegou ainda nesse ano, com data de 30 de agosto.

Nesse mesmo ano, "os soldados do presídio da ilha da Madeira", em petição ao Príncipe-regente Dom Pedro, solicitaram "que por sua devoção se hião instituindo em uma confraria de Nossa Senhora da Conceição, que serviam com muito zêlo na fortaleza do Ilhéu do Mar, onde metiam suas guardas e faziam vigias".

Eram, portando, soldados da Fortaleza de São Lourenço, destacados para o serviço do Ilhéu. Na petição narravam como tinham levantado um oratório, mas que este se encontrava " com grande indecência, sem o devido ornato".