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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Dom Manuel II - "O Patriota" - 13/09/2015

Desde 1911 que forças de monárquicos exilados se centram na Galiza, com o beneplácito do governo espanhol, para entrarem em Portugal e restaurarem o regime monárquico. Eram lideradas pelo carismático Henrique de Paiva Couceiro, veterano das campanhas de África e o único oficial que se havia batido com denodo pelo regime quando do golpe de estado de 5 de Outubro, e pelo jornalista e seu braço direito Álvaro Pinheiro Chagas.

Acreditava o Paladino (assim o alcunhava a imprensa republicana) que bastava uma demonstração de força para que o povo rural se erguesse em apoio da restauração. Os acontecimentos mostraram que estava enganado, pois além de mal preparadas e mal financiadas, a reação do povo não correspondeu ao esperado, tendo a sua apatia e a defesa das forças republicanas batido as incursões de volta para a Galiza.

D. Manuel apoiou como pôde estas incursões, embora os seus recursos financeiros, nos primeiros anos de exílio, fossem bastante limitados. Acresce o fato de que esta primeira incursão ter sido feita sob a bandeira azul e branca, mas sem a coroa, e foi precedida de um manifesto de Paiva Couceiro que identificava o movimento como neutro, e reclamando um plebiscito para decidir a forma de regime.

Ora como monarca constitucional legalmente jurado, Manuel II não aceitava ser sujeito a um referendo. Foi só após troca de correspondência e aceite que a restauração seria baseada na sua pessoa e na carta constitucional de 1826, que o rei passou a apoiar os exilados da Galiza. A segunda incursão ocorreu em 1912 e apesar de melhor preparada, não encontrou maior sucesso.

Isto deveu-se ao fato de que o governo espanhol, cedendo às pressões diplomáticas, agora que a república já gozava de um reconhecimento mais alargado, ter forçado os conjurados a escolherem, ou entrarem em Portugal, ou serem desarmados. Após o falhanço e retirada o governo espanhol desarmou os combatentes restantes, cuja presença na Galiza era, de resto, ilegal.

No entanto, é de notar que Manuel II nunca fez fé numa restauração baseada na força, e sempre defendeu que os monárquicos se deveriam organizar internamente para tentarem chegar ao poder legalmente, através do jogo eleitoral. Esta orientação não era acatada de bom grado pela maioria dos monárquicos, mais radicais nas suas ações, pelo que nos anos seguintes continuavam as mal preparadas tentativas restauracionistas (por exemplo, em 20 de Outubro de 1914), que o monarca achava apenas contribuíam para agravar a situação anárquica do país.