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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Montemor-o-Velho" - 16/02/2020

São destaques do Castelo ainda, intramuros, a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, que remonta ao século XI, sendo que a sua atual conformação data da época manuelina; a Capela de Santo António, paralela à barbacã, e a Igreja da Madalena cuja atual conformação data dos séculos XV e XVI. Na nova cerca subsistem ainda as ruínas da Capela de São João.

A igreja de Santa Maria da Alcáçova remonta ao século XI, mas as reconstruções e acrescentos que se realizaram ao longo de vários séculos alteraram a sua traça primitiva. Foi reedificada definitivamente no primeiro quartil do século XVI, período de afirmação, em Portugal, do estilo manuelino (obra atribuída ao arquiteto Francisco Pires, sob a ordem do bispo-conde D. Jorge de Almeida).

A igreja apresenta uma fachada de grande sobriedade. O portal, em arco ogival, é encimado por pedras de armas do bispo-conde D. Jorge de Almeida. A frontaria é rematada por empena triangular, tendo do lado direito a torre sineira. A entrada lateral, em estilo manuelino, é enquadrada por um arco polilobado.

O interior divide-se em três naves (ritmadas por uma série de arcos quebrados suportados por colunas de fustes espiralados), terminadas por capelas. Esta igreja é ornamentada por trabalhos de escultura de várias épocas, como a Nossa Senhora do Ó e o Anjo da Anunciação de Mestre Pero (c.1330-1340).

Existe uma lenda ligada ao Castelo de Montemor-o-velho. A tradição local refere que no século IX, ao tempo do abade João, o castelo foi cercado pelas forças do califa de Córdoba, comandadas por um cristão renegado, Garcia Ianhez-Zuleima. Em número inferior, os combatentes do castelo, com grande dificuldade em sustentar a defesa, deliberaram dar morte por degola aos demais, mesmo aos seus parentes, a fim de lhes pouparem o cativeiro e possíveis afrontas dos mouros.

Assim tendo procedido, arremeteram contra o inimigo superior, dispostos a morrer em combate. Fizeram-no, entretanto, com tal ímpeto, que o levaram de vencido. No século XVIII, sob o reinado de D. João V (1706-1750), a tradição enriqueceu-se com um desfecho piedoso: os familiares dos defensores, ressuscitados por milagre, saíram do castelo ao encontro dos vencedores. A imagem de Nossa Senhora da Vitória com uma cicatriz vermelha no pescoço, na Igreja local, evoca o milagre.