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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Dom Manuel II - "O Patriota" - 27/09/2015

15.000 civis armados e a marinha em revolta se opuseram ao exército fiel ao governo e ao fim de três dias de combates, 500 mortos e mais de 1.000 feridos, o Partido Democrático estava de volta ao poder e os monárquicos de volta à ilegalidade. A opção das urnas voltou a ter possibilidade com a subida ao poder de Sidónio Pais.

Apesar de claramente republicano, também ele procurou apoio no sector mais conservador da sociedade, estabelecendo o sufrágio universal. O assassinato do presidente-rei levou ao poder forças republicanas mais moderadas, mas não sem oposição. O estabelecimento de juntas militares na província, algumas com tendências monárquicas e em oposição ao governo criaram expectativas de uma restauração através de um golpe militar.

Por esta altura a guerra já tinha acabado, o que com a situação anárquica do país dava força aos que argumentavam por um golpe. Dom Manuel II, no entanto, continuava a pedir calma e, não pondo de parte a idéia de uma ação pela força num futuro próximo, insistia que se esperasse pelo fim das negociações de paz em Paris. Temia que um aumento da anarquia prejudicasse a posição negocial do país.

Mas para Paiva Couceiro e para os integralistas era chegado o momento, bastava apenas a autorização real na pessoa do seu lugar-tenente. Este, Aires de Ornelas, recebeu o memorando que pedia autorização para um movimento de carácter monárquico, e convencido de que não se tratava de uma ação imediata, escreveu à margem “Go on. Palavras de El-Rei” e assinava.

A 19 de janeiro de 1919, com um milhar de soldados e algumas peças de artilharia, Paiva Couceiro restaurava no Porto a Monarquia Constitucional, na pessoa de Dom Manuel II. Um governo provisório foi estabelecido, aderindo o Minho, Trás-os-Montes (com exceção de Chaves, Mirandela e Vila Real) e parte do distrito de Aveiro. Mas, ao contrário do que esperava Couceiro, o resto do país não se levantou.

O poder republicano continuava firme em Lisboa, onde Aires de Ornelas foi apanhado de surpresa, e não pôde mais do que refugiar-se, com algumas centenas de monárquicos, no Regimento de Lanceiros 2, à Ajuda. Aumentando o número de refugiados que temiam represálias republicanas, o comandante do regimento, que era monárquico, fez retirar a guarnição e os civis, marchando para Monsanto, que na época tinha pouca vegetação.

Aí juntaram-se a outras forças monárquicas, entrincheirando-se com parte das forças da cavalaria 4, 7 e 9, além da Bateria de Belém e do Regimento de Infantaria 30. Aires de Ornelas hesitou entre obedecer ao rei e ficar à margem, correndo o risco de os integralistas passarem a sua lealdade a Miguel, ou assumir a liderança deste movimento monárquico.

Num terreno pouco propício para a arma de cavalaria, e cercados por forças republicanas, os monárquicos acabaram por se render em 24 de janeiro.Com o falhanço da restauração no Centro e Sul do país, a sorte acabou por se virar contra Paiva Couceiro.