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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

"Castelo de Castro Marim" - 29/11/2020

Durante a crise de sucessão de 1580, levantando-se o partido do Prior do Crato, os integrantes da Junta de Defesa do Reino, estabelecida após o falecimento do Cardeal Dom Henrique, fogem para Castro Marim, de onde passam a Ayamonte, na Espanha. Ali protegidos, lavram e assinam uma declaração em que reconhecem os direitos de Filipe II de Espanha ao trono de Portugal, proscrevendo Dom António.

Durante o reinado de Filipe III de Espanha, Henrique Fernandes Serrão descreve o Castelo de Castro Marim como tendo "três portas na cerca e um castelo mui forte, que está consertado de novo, e nele uma torre mui alta e formosa, donde se descobre muita vista".

Com a Guerra da Restauração da independência portuguesa, a defesa lindeira de Castro Marim foi remodelada, adquirindo modernas linhas abaluartadas. Estas obras só estarão concluídas no reinado de Dom Afonso VI de Portugal (1656-1667), complementadas pelo Forte de São Sebastião de Castro Marim e pelo Forte de Santo António de Castro Marim. Dentro deste sistema defensivo mandou o soberano erguer uma nova ermida dedicada a Santo António na qual um altar era consagrado ao mártir São Sebastião.

Durante o terremoto de 1755 o núcleo medieval da vila sofreu extensos danos, particularmente sentidos na Igreja de São Tiago. Por essa razão, Dom José I determinou a recuperação das defesas da vila. No início do século XX, o Castelo de Castro Marim foi classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910.

Só em meados do século XX, entretanto, se iniciou a intervenção do poder público, através da Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que entre 1942 e 1952 ali desenvolveu trabalhos de consolidação e reconstrução. Outras intervenções se sucederiam, pelo mesmo órgão, em 1958 (predominantemente junto à ermida) e 1960 (obras de adaptação a museu, reconstruções e outras).

O monumento foi ligeiramente danificado pelo terremoto de 28 de Fevereiro de 1969. Novas intervenções da Direção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) tiveram lugar entre 1977 e 1979, e entre 1980 e 1983. Entre 2000 e 2003 procederam-se a campanhas de escavações, sob a direção da arqueóloga Ana Maria Arruda.

Em posição dominante sobre um monte, o castelo medieval (também denominado Castelo Velho ou simplesmente Castelejo) apresenta planta quadrangular irregular (orgânica), com quatro cubelos cilíndricos nos vértices dos muros, percorrido por adarve, onde se rasgam duas portas, uma a norte e outra a sul, uma das quais encimada por pedra de armas e inscrição epigráfica. No interior da praça de armas, erguem-se edifícios de dois pavimentos adossados aos muros oeste e norte; do lado leste, as ruínas da primitiva alcáçova.

Externamente, identificam-se os restos da torre de menagem e de um baluarte que a ladeava. Ao abrigo da barbacã, de planta triangular, percorrida por adarve, erguem-se a Igreja de São Tiago, a Igreja de Santa Maria, Igreja da Misericórdia e um núcleo museológico, com testemunhos arqueológicos da ocupação da região. No vértice sul ergue-se uma plataforma para artilharia, nos vértices leste e oeste, dois torreões de planta quadrangular, cobertos por terraços nos quais se rasgam portas em arco pleno. Encimando a porta do torreão oeste, uma pedra de armas e uma inscrição epigráfica.