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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Manuel de Oliveira Gomes da Costa 10º Presidente de Portugal - 31/07/2016

Como dissemos no capítulo anterior, em 31 de maio Gomes da Costa recebe do Presidente da República, Bernardino Machado, as suas funções constitucionais. Segue-se uma fase de intenso confronto entre as diferentes facções do movimento. Gomes da Costa representa a facção que politicamente se encontra entre os republicanos radicais e os integralistas, e dispõe do apoio da maioria das divisões militares do país.

No Porto, faz saber que o governo de Cabeçadas não merece a confiança do Exército e ordena o avanço das tropas sobre Lisboa. O objetivo é eliminar Mendes Cabeçadas e, com ele, todo o leque de correntes republicanas que o apoiam. Realizam-se, vários encontros entre os líderes das diferentes facções envolvidas no golpee, a 1 de junho, constitui-se um triunvirato - Mendes Cabeçadas, Gomes da Costa e Gama Ochoa.

Pressionado pelo grupo de Sinel de Cordes (militar conservador), entre outros, que pretendem o afastamento de Mendes Cabeçadas, Gomes da Costa recusa, a partir do Entroncamento, o elenco governativo proposto por Cabeçadas. As suas críticas dirigem-se essencialmente à presença de Gama Ochoa e à exclusão de Carmona.

A 3 de Junho, na Conferência de Sacavém, estabelece-se um novo governo de coligação, que se mantém em funções até 17 de junho, e um novo triunvirato: Mendes Cabeçadas, Gomes da Costa e Óscar Carmona. A 6 de Junho, concluída a concentração de forças no Entroncamento e em Sacavém e afirmada a vitória militar da "Revolução Nacional", Gomes da Costa entra triunfalmente em Lisboa.

Montado num cavalo branco, à frente de 15.000 homens provenientes das unidades militares do Norte, Centro e Sul do país. A concentração militar mantém-se (Sacavém), exceto nas unidades fiéis a Mendes Cabeçadas (Trás-os-Montes e Algarve) - que recebem ordem de desmobilização, e o comando das unidades de Lisboa é entregue a homens da sua confiança.

A 14 de Junho, Gomes da Costa apresenta ao Conselho de Ministros um conjunto de linhas programáticas que visam não só a definição das orientações a seguir pelo executivo como ainda a "radicalização" (à direita) do regime. Em concreto, Gomes da Costa e os seus apoiantes, entre os quais se encontram diversos dirigentes do Integralismo Lusitano, propõem a restauração da "ordem pública".

Propõem ainda o reforço dos poderes do Presidente, a descentralização administrativa, a organização corporativa da economia, a defesa da economia nacional, um maior apoio do estado ao "trabalho nacional", a revisão das leis da família, a reintrodução da "liberdade religiosa". Em suma, Gomes da Costa propõe um programa de raiz corporativista e antiliberal quanto à futura organização do Estado.

A recusa de Cabeçadas em aceitar este programa leva Gomes da Costa a conspirar, tendo em vista o seu afastamento de todas as funções governativas e, no dia 17 de junho, a movimentação de tropas do Entroncamento para Sacavém, lideradas por Gomes da Costa, lança o ultimatum a Mendes Cabeçadas para se demitir.