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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

António Óscar de Fragoso Carmona, 11º Presidente de Portugal - 21/08/2016

A sua posterior e rápida promoção a coronel e a chegada à chefia da 4.ª Divisão Militar (Évora), entre 1922-1925, constitui o primeiro passo no sentido de se tornar o futuro homem consensual da Ditadura Militar e do Estado Novo. Até ao golpe de 28 de maio de 1926, ocupa a pasta da Guerra no Ministério de António Ginestal Machado (1923) e participa como promotor de Justiça em vários julgamentos militares resultantes das múltiplas revoltas que ocorrem na fase final da 1º República.

Assim acontece no caso dos implicados na "Noite Sangrenta", de 19 de outubro de 1921, e com os participantes na Revolta Outubrista. Mas será com o julgamento dos militares implicados no movimento militar de 18 de abril de 1925 que ganhará notoriedade ao proferir a célebre frase "A Pátria doente manda acusar e julgar neste tribunal os seus filhos mais diletos".

Com o seu discurso, Carmona, invertendo os papéis, coloca o regime republicano no banco dos réus e consegue a absolvição dos militares acusados. Esta atitude custa-lhe, no entanto, o comando da 4.ª Divisão Militar, sendo colocado na Inspeção-geral de Material de Guerra. Retomará o comando das tropas no decurso do golpe militar de 28 de maio de 1926.

Tendo cultivado a imagem de "não-político", Carmona conseguiu passar todo o período da I República com uma posição de neutralidade, que lhe valeu a possibilidade de a qualquer momento manter boas relações com os diferentes polos políticos que se digladiavam. No entanto, data do período do Ultimatum (1890) a sua adesão ao republicanismo. Provavelmente ainda antes do final do século adere à Maçonaria, instituição onde nunca ascendeu na hierarquia, mas durante a revolução republicana, em 1910, mantém-se à margem dos acontecimentos.

O seu desinteresse pela política vai ao ponto de nunca ter exercido o seu direito de voto durante a 1º República. A sua primeira participação política de relevo é a aceitação do cargo de secretário do ministro da Guerra na ditadura de Pimenta de Castro.

Quando esta é derrubada, Carmona é preso, mas sem consequências, até porque logo no ano seguinte assume, como vimos, o comando do Regimento de Cavalaria nº 2, em Lisboa. Depois de no período de Sidónio Pais (1917 - 1918) lhe ter prestado o seu apoio, Carmona virá a ter, em 1923, uma curta passagem pelo Ministério da Guerra, no governo liderado por Ginestal Machado.

É o único elemento do governo sem qualquer ligação partidária. Desempenha um papel primordial na contenção do golpe de Estado lançado a 10 de dezembro, liderado pelo capitão-de-fragata João Manuel de Carvalho, num dia em que era o único ministro que não se encontrava no Porto. No dia seguinte, e perante fortes ataques do Partido Democrático às políticas do governo, Carmona retira-se.

O governo demite-se três dias depois, terminando assim a sua primeira experiência governativa. Contatado por Mendes Cabeçadas para integrar o movimento militar de 28 de maio, Óscar Carmona não adere, aguardando por um sinal do grupo de Sinel de Cordes, que apenas chega no dia 30. Logo no dia seguinte, assume, em Évora, o comando da 4.ª Divisão Militar, juntando-se finalmente ao movimento.