Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE ATOUGUIA DA BALEIA" - 29/06/2025
Em 11 de Fevereiro de 1526 deu à costa naquele ponto uma baleia com mais de 20 m de comprimento, um verdadeiro “monstro marinho” em plena época dos Descobrimentos portugueses, o que rendeu à vila o acréscimo de seu nome: Atouguia da Baleia. Um dos ossos do mamífero marinho foi conservado como memória, na Igreja de São Leonardo.
O progressivo assoreamento da foz do rio de São Domingos e da enseada de Atouguia, que ligou a ilha de Peniche ao continente, levou ao desenvolvimento da povoação nesta última, elevada a vila em 1609 e transformada em Concelho (1610), à época da Dinastia Filipina por D. Filipe II (1598-1621). Á época, a necessidade defensiva também se deslocara para o chamado “castelo da vila” de Peniche.
Posteriormente, no século XIX, o Concelho de Atouguia da Baleia foi extinto e incorporado como Freguesia no de Peniche, por D. Maria II, a 6 de novembro de 1836. Chegaram até aos nossos dias apenas os restos de uma torre e das muralhas do antigo Castelo de Atouguia. Escavações recentes puseram a descoberto trechos da muralha medieval da vila, o que reforça a necessidade de pesquisa arqueológica complementar.
Em 1950 foi feito o pedido para ser organizado o processo de classificação das ruínas do castelo, o que apenas se concretizou em 2003 quando do despacho de homologação para classificação como Imóvel de Interesse Público do Ministro da Cultura, em 23 de maio.
Os restos da torre e muralhas do antigo Castelo de Atouguia da Baleia encontram-se classificados como Imóvel de Interesse Público pela Portaria n.º 107/2006, publicada no Diário da República, II Série nº 6, de 9 de janeiro de 2006. O que hoje conhecemos é um pequeno troço de muralha, de prolongamento aparentemente oval, reforçado a noroeste por uma torre de planta retangular.
O perfil aparentemente oval do troço da cerca, constitui-se em indício importante para que se atribua uma datação gótica à obra, que se acredita tratar-se, com grande probabilidade, de um setor da alcáçova, desenvolvendo-se o restante sistema defensivo em redor da igreja de São Leonardo e ruas vizinhas. Terá existido ainda uma cerca urbana, possivelmente rasgada por pelo menos duas portas, de que nos restou apenas a toponímia de uma delas: a "Porta do Sol".