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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Francisco Craveiro Lopes - 22/01/2017

Escolhido por Oliveira Salazar para suceder a Óscar Carmona na Presidência da República, Craveiro Lopes apenas cumprirá um mandato. Militar, como o seu antecessor, as suas relações com Salazar tornar-se-ão difíceis ao longo do tempo. Os seus contatos com setores do regime críticos de Salazar e com membros da oposição conduzirão ao seu afastamento nas eleições presidenciais de 1958.

Ciente de que os poderes do chefe do Estado permitiam nomear e demitir o presidente do Conselho, Salazar não quis arriscar. Craveiro Lopes distanciar-se-ia cada vez mais do regime, vindo a estar envolvido na "Abrilada" de 1961 e a proferir inequívocas críticas à política colonial portuguesa.

Craveiro Lopes nasceu em Lisboa, no dia 12 de abril de 1894, filho de João Carlos Craveiro Lopes e de Júlia Clotilde Cristiano Craveiro Lopes. O seu pai, que servira no Corpo Expedicionário Português durante a I Guerra Mundial, e que antes estivera envolvido no "movimento das espadas", que levou ao poder o general Pimenta de Castro, aderiu posteriormente à revolução de 28 de maio de 1926, vindo a ser nomeado Governador-Geral da Índia e comandante da sua 1ª Região Militar.

Seguindo a tradição familiar paterna (bisneto do general Francisco Xavier Lopes, neto do general Francisco Higino Craveiro Lopes), entra para a carreira militar, ingressando no Colégio Militar (1904). Frequenta ainda a Escola Politécnica de Lisboa e, ainda em 1911, alista-se como voluntário no Regimento de Cavalaria n.º 2. A experiência nesta unidade militar leva-o a frequentar o Curso de Cavalaria na Escola do Exército.

Em 1915 é promovido a alferes de Cavalaria e mobilizado para as campanhas militares da Grande Guerra em Moçambique, recebendo ainda nesse ano um louvor de campanha pelo seu comportamento no combate de Riwambo. Dois anos depois é promovido a tenente, após regressar a Portugal.

Volta a Moçambique, em 1918, já como oficial da aeronáutica, vindo a ser distinguido com um louvor pelo seu comportamento no combate de Newala, e com a medalha comemorativa das Campanhas do Exército em Moçambique. Em 1919 é distinguido com a Cruz de Guerra de 1ª Classe, voltando a Portugal no ano seguinte. Em 1923 é feito cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Foi sucessivamente promovido a capitão-piloto aviador (1922), major (1930), tenente-coronel (1939), coronel (1942), brigadeiro (1947), general (1949) e marechal (1958). Na década de 20, a sua atenção centra-se na aeronáutica militar. Depois de frequentar um curso de piloto militar na Escola de Aviação de Chartres, em 1917, ocupa o cargo de instrutor de pilotagem na Escola Militar (1922) chegando a ser diretor da Divisão de Instrução da Escola Militar da Aeronáutica. Cargo que ocupou em diversas ocasiões, mas por curtos períodos de tempo.

A fase final da I República é ocupada com os seus afazeres de instrução militar, chegando a ser louvado pelo ministro da Guerra, António Germano Guedes Ribeiro de Carvalho, pelos trabalhos publicados no âmbito do curso de observadores aeronáuticos, vindo a sofrer em 1925 um grave acidente de aviação, numa viagem a Espanha, do qual sai com ferimentos.