Por: Nelson de Paula.
António José de Almeida 6º Presidente de Portugal - 15/05/2016
Falamos na semana passada das greves no governo de Antonio José de Almeida. As manifestações, os comícios, e mesmo atentados bombistas e assassinatos. Simultaneamente, aumentam os despedimentos, e as tomadas de assalto às sedes sindicais e jornais operários seguidas de prisões e deportações dos seus dirigentes. Como pano de fundo, a epidemia de tifo, que só no ano de 1919 provoca mais de 2.000 vítimas.
Politicamente, o Partido Democrático de António Maria da Silva mostra uma incapacidade de obter maiorias absolutas: o intensificar da luta ideológica gera cisões e novos partidos políticos, como são o caso do Núcleo de Ação de Reconstituição Nacional (1920) que mais tarde se tornaria no Partido Republicano da Reconstituição Nacional, do Partido Comunista Português (1921), do Partido Republicano Radical (1923), e do Partido Republicano Nacionalista (1923). Por conseguinte, os governos são empossados e caem a ritmos vertiginosos, tendo uma duração média de apenas três meses.
A 19 de Outubro de 1921, dá-se um levantamento radical de setores republicanos radicais da Marinha e da GNR contra o governo liberal de António Granjo. Impossibilitado de resistir contra os revoltosos, o chefe do governo apresenta a demissão do ministério ao Presidente da República, que imediatamente a aceita.
Ainda assim, os tumultos continuam e, nessa noite, um grupo de marinheiros, soldados da GNR e civis armados, sequestram e matam a tiro António Granjo, José Carlos da Maia, Machado Santos, Freitas da Silva (chefe de gabinete do ministro da Marinha Ricardo Pais Gomes), e o coronel Botelho de Vasconcelos (ex-ministro de Sidónio Pais).
Estes acontecimentos abalam profundamente António José de Almeida, que sabe que o seu nome constava da lista daqueles que se planeava liquidar. O Presidente anuncia publicamente a sua intenção de renunciar ao cargo, nunca chegando a concretizá-la devido às fervorosas manifestações de apoio que são convocadas pelas autarquias locais.
António José de Almeida dissolve então o Parlamento (pela segunda vez em quatro meses), e segue-se uma certa calmaria após a vitória do Partido Democrático nas legislativas de 1922 e uma sucessão de governos liderados por António Maria da Silva, que conseguem reduzir os efetivos da GNR, deixando esta de representar um perigo iminente.