Por: Nelson de Paula.
António José de Almeida 6º Presidente de Portugal - 22/05/2016
À medida que os efeitos da Grande Guerra se vão desvanecendo, a situação geral do país tende a estabilizar. Com o final da "República Nova" de Sidónio Pais e o regresso à "Nova República Velha", os líderes da República são levados a encetar uma política de pacificação religiosa, como forma de combater a instabilidade social resultante do anti-clericalismo exacerbado que caracterizou os primeiros tempos da Primeira República.
Em 1923, o Presidente foi o anfitrião de uma cerimónia realizada no Palácio da Ajuda para se assistir à imposição do barrete cardinalício do núncio Achille Locatelli, um ato que revela uma clara estratégia de aproximação diplomática do Estado laico republicano com a Santa Sé.
Foi durante a presidência de António José de Almeida que se inauguraram as visitas de Estado na acepção moderna do termo. Foi convidado pelo Presidente Epitácio Pessoa para uma visita oficial ao Brasil, no âmbito das comemorações do centenário da independência da antiga colónia portuguesa, que se cumpriu a 7 de Setembro de 1922.
A viagem revestiu-se de caráter simbólico, não tendo, porém, ficado livre de algumas perturbações: o vapor Porto (que, antes de 1916, era o navio mercante alemão Prinz Henrick, aprisionado à Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial e concedido a Portugal pelo Tratado de Versalhes), onde a comitiva presidencial seguia para o Rio de Janeiro, não estava ainda totalmente adaptado à sua condição de transporte de passageiros.
A fim de se concluírem as obras de adaptação, o início da viagem foi atrasado. Entretanto, houve uma crise do governo democrático presidido por António Maria da Silva, proporcionada pela demissão do Ministro das Finanças, Albano Portugal Durão. O início da viagem, inicialmente previsto para dia 26 de Agosto, foi atrasado em dois dias.
Logo que a comitiva se fez ao mar, todavia, uma avaria no frigorífico determinou que o vapor tivesse de aportar em Las Palmas, nas Canárias, no dia 1 de Setembro, por exigências de abastecimento. No dia 7 de Setembro, quando a embaixada portuguesa deveria estar já no Brasil, realizou-se a bordo uma sessão solene em honra do centenário da independência da antiga colónia, em que tomaram a palavra Jaime Cortesão, João de Barros, e o próprio António José de Almeida.