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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

Américo Tomás - 12/03/2017

A Marinha começa a evoluir a partir dos anos 30. Vai crescendo em termos de eficácia, no sentido de uma certa qualidade, sem grandes ambições de quantidade. Planos mais reais e exequíveis dos que, entretanto, eram apresentados pelo Exército. Américo Tomás alcança, entretanto, cargos de chefia.

Nomeado para a pasta da Marinha, usará a experiência adquirida para a desenvolver. É célebre o seu Despacho 100. Nele definia um plano de renovação da Marinha Mercante e dava incremento a uma indústria de construção naval.

Com o aumento da construção de navios tornou possível o incremento de carreiras entre o Ultramar e o Continente, tornando-as regulares, o que por sua vez incentivou e possibilitou a expansão do comércio interno e externo.

Mas não foi só a Marinha Mercante que se desenvolveu. Como já foi dito, também a Marinha de Guerra encetou um vasto programa de modernização, em particular no que diz respeito às instalações de construção e preparação de técnicos, primeiro com a ajuda da Inglaterra e depois dos Estados Unidos. Este programa tornou-se mais acelerado e concreto com a entrada de Portugal na (OTAN- Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 1949.

E, não há dúvida, que neste vasto programa muito é devido a Américo Tomás. A sua atuação revelou-se positiva pelos resultados práticos e eficácia que se foi obtendo, apesar de muitas das medidas serem fortemente contestadas por vários sectores da vida nacional, nomeadamente possíveis ligações preferenciais com personalidades do meio político e económico quanto a atribuições de prerrogativas de exploração.

Se na Marinha a sua atuação se saldou positiva, como Presidente da República a sua atuação pautou-se pelo cumprimento escrupuloso das funções atribuídas pela Constituição. Uma atitude moderadora, o guardião das instituições, um apagamento das atividades a favor do Governo e do Presidente do Conselho.

Escolhido pela União Nacional, em 1958, para substituir no cargo o Presidente Craveiro Lopes, assegurava o equilíbrio na sucessão dos diferentes ramos das Forças Armadas e a manutenção do apoio que estas sempre deram ao regime do Estado Novo. Teve que se defrontar em eleições com o general Humberto Delgado. Este candidato da oposição não se retirou como era hábito nas anteriores eleições presidenciais e ameaçava destituir o chefe do Governo, caso fosse eleito.

Naturalmente que as eleições foram ganhas pelo candidato oficial, mas o regime passou por um grande susto. Estas eleições tinham polarizado o descontentamento popular. Era preciso alterar a natureza do ato eleitoral de forma a que se evitasse no futuro novas situações idênticas.