Por: Nelson de Paula.
José Mendes Cabeçadas Júnior 9º Presidente de Portugal - 10/07/2016
Em 1926, sendo Capitão-de-Fragata, dá o grito de revolta da Revolução de 28 de Maio de 1926 em Lisboa, depois de em Braga, Gomes da Costa ter tomado idêntica atitude. A 29 de Maio de 1926 foi nomeado Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal.
O primeiro-ministro António Maria da Silva demite-se, e poucos dias depois, a 30/31 de Maio, o presidente Bernardino Machado atribui-lhe a chefia de um novo ministério, assim como de todas as suas pastas, presidindo ao Governo, tendo sido Ministro das Finanças a 30 de Maio, Ministro dos Negócios Estrangeiros de 30 de Maio a 1 de Junho e, novamente, Ministro das Finanças a 1 de Junho.
Nesse mesmo dia, o Presidente renuncia às suas funções, passando Mendes Cabeçadas a acumular o cargo de Presidente da República com o de Presidente do Ministério. Mendes Cabeçadas, revolucionário de uma linha moderada, julgava ainda ser possível constituir um governo que não pusesse em causa o regime constitucional, mas apenas livre da nefasta influência do Partido Democrático.
No entanto, os demais conspiradores (entre os quais Gomes da Costa e Óscar Carmona) julgaram-no como sendo incapaz e, no fundo, o último vestígio do regime constitucional da 1º República. Após uma reunião dos revoltosos no seu quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926, Mendes Cabeçadas foi forçado a renunciar às funções de presidente da República e de presidente do Ministério a favor de Gomes da Costa.
Depois da Presidência, Cabeçadas regressa às suas funções na Marinha. Participa em várias conspirações militares para derrubar o Estado Novo, como o "golpe" de 10 de outubro de 1946 (Mealhada) ou o de Abril de 1947. Na sequência desta última intentona, é preso e julgado em Tribunal Militar - no chamado "processo da abrilada" - passando à reforma compulsiva nesse mesmo ano. A partir de então, participa em várias ações oposicionistas. Em 1951 integra a comissão de candidatura do almirante Quintão Meireles às eleições presidenciais, ano em que é um dos impulsionadores da Organização Cívica Nacional.
Dois anos depois, é candidato pela oposição democrática às eleições para a Assembleia Nacional e em 1955 preside ao Diretório da Causa Republicana. Em 1956 preside à Frente Nacional Liberal e Democrata e no ano seguinte participa na fundação do Diretório Democrata-social. Integra a comissão nacional da candidatura do general Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958 e em 1961 é um dos primeiros subscritores do Programa para a Democratização da República que receberá o apoio de antigos republicanos e seareiros e da nova geração de opositores a Salazar.