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  Confira mais um capítulo da História de Portugal

Por: Nelson de Paula.

António dos Santos Ramalho Eanes - 25/06/2017

Ramalho Eanes é o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal e direto. Antes da oficialização da sua candidatura à presidência, expressara de forma bem clara o seu projeto político: “Se me candidatar e for eleito, serei extremamente rigoroso na exigência do cumprimento da Constituição”. Depois de eleito, acabará por se transformar, com os seus dois mandatos presidenciais (1976-1986), numa figura central do processo de consolidação da democracia portuguesa.

Apesar de não ter frequentado o Colégio Militar, Ramalho Eanes faz um percurso típico dos jovens que, na sua geração, escolhem a carreira das armas: concluídos os estudos secundários, ingressa na Academia Militar (então Escola do Exército) e, pouco depois, inicia uma série de comissões de serviço que o levarão a Goa, Macau, Moçambique, Guiné e Angola.

Natural de Alcains, é filho de Manuel dos Santos Eanes, empreiteiro e proprietário, e Maria do Rosário Ramalho. A família, ainda que modesta, vive de forma desafogada. Em outubro de 1970 casa com Maria Manuela Duarte Neto Portugal Ramalho Eanes, de quem tem dois filhos. Em 1945 inicia os estudos secundários no Liceu de Castelo Branco, ingressando na Escola do Exército em outubro de 1953.

A sua formação será completada pelos sucessivos cursos e estágios de especialização que frequenta: especialização em Métodos de Instrução (1961); especialização em Instrutores de Educação Física e Curso de Instrução de Operações Especiais (1962); Estágio de Guerra Subversiva (1962), Estágio de Instrutor de Ação Psicológica no Instituto de Altos Estudos Militares (1962), Estágio de atualização para Oficial Superior (1973).

Frequentará, ainda, o Curso de Psicologia no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e a Faculdade de Direito de Lisboa. Em novembro de 2006, doutorou-se em Ciência Política pela Universidade de Navarra com uma tese intitulada “Sociedade Civil e Poder Político em Portugal”.

Ingressando no Exército em 1953, é sucessivamente promovido a alferes de infantaria (1957), tenente (1959), capitão (1961) e em 1970 é graduado em major. Depois, seguem-se as promoções a major (1973), tenente-coronel (1974) e coronel (1976), a graduação em general de quatro estrelas (1975) e a promoção a general (1978).

Na sua folha de serviços sobressaem ainda as comissões de serviço que presta na Índia (1958-1960), Macau (1962), Moçambique (1964 e 1966-1968), Guiné (1969-1971) e Angola (1974). A experiência da Guiné foi particularmente relevante. Sob o comando de António de Spínola, trabalhando de perto com Otelo Saraiva de Carvalho, chefia o Serviço de Radiodifusão e Imprensa, na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica do comando-chefe.

A imagem de Spínola acabará por marcá-lo decisivamente, havendo mesmo quem o considere um homem do entourage do general, ou seja, um “spinolista”. O 25 de Abril, em cujas reuniões preparatórias participara (até finais de 1973), apanha-o em Angola, onde prestava uma comissão de serviço desde janeiro de 1974.