Por: Nelson de Paula.
António Óscar de Fragoso Carmona, 11º Presidente de Portugal - 04/09/2016
Em 1933, a Constituição Política do Estado Novo alarga o mandato de Óscar por mais dois anos. A possibilidade de reeleição do Presidente da República é uma das questões que Salazar mantém em aberto até à última hora da definição do texto a ser aprovado em plebiscito, no que não deixa de ser uma "demonstração de força" perante Carmona. Feita essa concessão, é sucessivamente reeleito em 1935, 1942 e 1949.
Se a eleição de 1935 se faz sem que exista qualquer oposição, da posição de Carmona, e sem que se suscite um grande interesse à sua volta, a sua reeleição para um terceiro mandato, em 1942 é marcada pela divisão dentro do regime, entre os apoiantes dos aliados, e os germanófilos. Os últimos pretendem a eleição de Salazar como Chefe do Estado, e o afastamento de Carmona, declarado apoiante do primeiro grupo.
Acaba, no entanto, por ser o escolhido de Salazar e a sua eleição é feita com um apoio que surpreende até o chefe do governo e na eleição Presidencial de 1949, marcada pela animosidade existente entre Carmona e Salazar durante o mandato anterior, é colocada a questão da possível substituição do Presidente da República. No entanto, as alternativas não apresentam viabilidade.
A eleição de Salazar volta a ser colocada, mas o Presidente do Conselho recusa. É também colocada a hipótese de candidatura de Américo Tomás. No entanto, Carmona é novamente o candidato do regime, muito pelo papel que continua a desempenhar de garantia da unidade nas Forças Armadas.
Esta última eleição é a primeira em que os movimentos oposicionistas conseguem lançar uma candidatura - do general Norton de Matos - em cuja campanha é possível encontrar nomes como os de Mário Soares e Salgado Zenha, à época presidente da Associação Académica de Coimbra.
No dia anterior à eleição (12 de Fevereiro), é anunciada a retirada da candidatura, por falta de condições de liberdade. No dia da eleição vários dos seus apoiantes são detidos. Óscar Carmona será o Presidente da República que mais tempo estará no poder, ocupando ininterruptamente a presidência entre 1926 e 1951, ano da sua morte.
Nos primeiros tempos do seu mandato, Carmona exerce um papel arbitral extremamente importante, gerindo com enorme habilidade as tensões entre monárquicos e republicanos e entre Salazar e os militares. O seu apoio é também fundamental na ascensão política de Salazar.
Será com a sua conivência e apoio que, em 1932, Salazar atingirá a Presidência do Ministério e a possibilidade, até aí impensável, de um civil nomear o seu próprio elenco governamental. Entre si, desenvolvem uma relação de dependência mútua, uma entente consolidada ao longo dos anos.