Por: Nelson de Paula.
António Óscar de Fragoso Carmona, 11º Presidente de Portugal - 18/09/2016
O acolhimento dado por Carmona a diversos movimentos reivindicativos e representantes da oposição são suficientes para que Salazar coloque a possibilidade de mudança de regime, de forma a não ter que enfrentar em 1949 uma nova eleição presidencial. A tensão entre Carmona e Salazar, no período final da Guerra, é já evidente, com o Presidente do Conselho tomando decisões à revelia do Chefe do Estado (remodelação governamental, entre outras medidas).
A resistência de Salazar à concessão de facilidades às forças aliadas nos Açores, bem como a sua tardia anuência ao embargo da venda de volfrâmio à Alemanha nazista, são fatores que agravam a relação entre ambos. Em 1945, é criada a Organização Militar de Libertação Nacional, que junta alguns militares em volta do almirante Mendes Cabeçadas, à época comandante da base do Alfeite.
Se inicialmente Carmona parecia estar do lado dos revolucionários, as promessas de Salazar, de abertura do regime, acabam por fazer o Presidente da República recuar, e rejeitar o apoio ao movimento. No entanto, Carmona não abandona a sua posição de independência, estabelecendo contatos com diversos elementos da oposição democrática. Em 1946 constitui-se a Junta Militar de Libertação Nacional, movimento oposicionista, novamente liderado por Mendes Cabeçadas, com o apoio implícito de Óscar Carmona, que o chega a receber em audiência particular a este propósito.
Este movimento coloca em marcha uma tentativa de golpe de Estado, entretanto abortada, a 10 de abril de 1947. Apesar da sua cumplicidade com os golpistas, Carmona recebe, nesse mesmo ano, o bastão de marechal, gesto do chefe de Governo que tem como objetivo o apaziguamento das relações entre ambos. No julgamento dos envolvidos no golpe de abril de 1947, a estratégia da defesa passa pela implicação de Carmona no golpe. Este, no entanto, nega qualquer envolvimento.
Na sua última reeleição, em 1949, largos sectores da oposição avançam com a candidatura oposicionista do general Norton de Matos. Mas não seria desta vez que o regime "teria de medir forças" com a oposição, uma vez que - como vimos - Norton de Matos retira a sua candidatura um dia antes das eleições, alegando falta de condições para a realização de um ato eleitoral livre e isento.
Óscar Carmona morreu no dia 18 de abril de 1951, no Palácio de Belém, no exercício das suas funções, realizando-se o seu funeral no Mosteiro dos Jerónimos. Menos de dois anos antes (20 de abril de 1949), havia tomado posse após mais uma reeleição.