Por: Nelson de Paula.
António de Oliveira Salazar - 16/10/2016
Em 27 de abril de 1928, após a eleição do marechal Óscar Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, Salazar reassumiu a pasta das finanças, mas exigindo o controle sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e rigoroso controle de contas, conseguindo um superávit, um "milagre" nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928–1929.
"Sei muito bem o que quero e para onde vou" afirmará, denunciando o seu propósito na tomada de posse. Na imprensa, controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como "salvador da pátria". Mas também a imprensa internacional, que não era controlada pela censura, reconhecia os méritos de Salazar, em março de 1935 a revista “Time” afirmou que "é impossível negar que o desenvolvimento económico recorde registrado em Portugal não só não tem paralelo em qualquer outra parte do mundo como também é um feito para o qual a história não tem muitos precedentes”.
Também em 1940, a Life considerou Salazar como "o maior português desde Henrique o Navegador" e o “melhor ditador de sempre”. O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns setores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder.
A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o presidente da república consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar um rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, que havia sido agraciado com a grã-cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada a 15 de abril de 1929, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.
Em junho de 1929 Salazar volta a demitir-se. Mário de Figueiredo, Ministro da Justiça e dos Cultos, amigo de Salazar, publica a célebre Portaria nº 6.259 que permite manifestações públicas do culto católico, com procissões e toques de sinos que tinham sido proibidos pela república.
O ministro da guerra Júlio Morais Sarmento comanda protestos anticlericais e a portaria é anulada em Conselho de Ministros. Figueiredo comunica a Salazar a sua intenção de se demitir e Salazar diz-lhe que embora não concorde com ele, caso Figueiredo se demita, então ele, Salazar, solidariamente, também apresentará a sua demissão.
Figueiredo demite-se e no dia 3 de julho Salazar entrega o seu pedido de Exoneração. No dia seguinte Carmona visita Salazar, que se encontrava hospitalizado, e tenta demove-lo da sua Intenção de se demitir. O episódio termina com um novo governo, presidido por Ivens Ferraz, com Salazar a continuar na pasta das finanças.
Em 1932, ano em que a 21 de abril recebeu a grã-cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de Maio (sexto aniversário do golpe) a grã-cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, era publicado o projeto de uma nova constituição que seria aprovada em 1933 através de um plebiscito popular direto e em que pela primeira vez em Portugal algumas mulheres são autorizadas a votar.