Por: Nelson de Paula.
António dos Santos Ramalho Eanes - 02/07/2017
Regressado a Lisboa, em julho de 1974, é colocado na comissão ad hoc para os Meios de Comunicação Social e, depois, como diretor de programas da RTP. Em setembro de 1974 é nomeado para presidir ao Conselho de Administração da RTP, cargo que ocupa até março de 1975. No desempenho dessas funções, é alvo de acusações políticas, nomeadamente a de alegada implicação no 11 de março, que o levam a apresentar a sua demissão da RTP e a exigir um inquérito à sua atuação.
Descontente com os rumos da Revolução, acaba por se envolver com o grupo que gravita em torno de Melo Antunes. No 25 de Novembro de 1975 surge como o coordenador do setor operacional do Grupo dos Nove, emergindo para um primeiro plano da vida nacional.
A nomeação como Chefe de Estado-Maior do Exército é a consequência mais óbvia do seu envolvimento e da sua ação na neutralização dos setores mais radicais no 25 de novembro. Para o desempenho do cargo de Comandante do Estado Maior do Exército é graduado general de quatro estrelas (em dezembro de 1975).
A sua primeira atividade política de relevo data do Verão de 1973 quando, juntamente com outros oficiais, organiza um protesto contra o I Congresso dos Combatentes do Ultramar. Realizado no Porto entre 1 e 3 de junho, este congresso propõe-se “combater tudo quanto ameace a unidade e grandeza de Portugal”, o que na prática significa conferir um aval das Forças Armadas à política colonial do regime.
Ramalho Eanes é, juntamente com Hugo dos Santos e Vasco Lourenço, um dos principais promotores do abaixo-assinado, então posto a circular, de protesto contra o Congresso. No Verão de 1975, Ramalho Eanes envolve-se na conspiração desenvolvida pelo chamado Grupo dos Nove, encabeçado por Ernesto Melo Antunes.
Inicialmente subscrito por nove conselheiros da Revolução, o “Documento dos Nove” recolhe um amplo leque de apoios. Entre eles, desde a primeira hora, está o de Ramalho Eanes. Quando começam os preparativos para a organização de uma resposta a um eventual ataque das forças de extrema-esquerda, Ramalho Eanes é encarregado pelos Nove de organizar um plano militar.
É esse plano, longamente estudado e discutido, que é posto em prática a 25 de novembro de 1975. Escolhido pelo Conselho da Revolução para candidato às primeiras eleições presidenciais, anuncia a sua candidatura à Presidência a 14 de Maio de 1976.
O Primeiro mandato de Ramalho Eanes foi de 1976 a 1980. Proposta pelo Conselho da Revolução, a candidatura de Ramalho Eanes recolhe um vasto conjunto de apoios, do PS ao PPD, passando pelo CDS, MSD, PSDI, MRPP, pela AOC e ainda por organizações como a SEDES ou a CAP.