Por: Nelson de Paula.
António dos Santos Ramalho Eanes - 20/08/2017
Os maus resultados eleitorais nas eleições autárquicas e a derrapagem dos vários índices econômicos e financeiros precipitam a crise no seio da Aliança Democrática. Balsemão e Freitas do Amaral demitem-se da liderança dos respectivos partidos. As propostas do Executivo de Balsemão enviadas à Assembleia da República ficam sem efeito, nomeadamente os diplomas referentes ao Orçamento do Estado, Grandes Opções do Plano e Delimitação dos Sectores.
Em 23 de Janeiro de 1983, Ramalho Eanes anuncia a intenção de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições gerais antecipadas, depois de o Conselho de Estado ter votado por 8 votos contra 7 a formação de um novo governo da Aliança Democrática, chefiado por Vítor Crespo (designado pelo PSD). O Parlamento é dissolvido a 4 de Fevereiro, sendo marcadas eleições para 25 de Abril.
Nas eleições legislativas de 25 de Abril de 1983, o PS conquista maioria simples, à frente do PSD, da APU e do CDS. Poucos dias depois, o PSD aceita negociar com o PS com vista à formação do IX Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares, o chamado governo do “Bloco Central”, ao qual Ramalho Eanes confere posse em 9 de Junho de 1983.
No seu discurso de Ano Novo de 1985, Ramalho Eanes demonstra uma postura particularmente crítica em relação à atuação do Governo, o que leva este a divulgar uma nota oficiosa acusando o Presidente da República de se assumir como chefe da oposição. Em 15 de Fevereiro ocorre uma remodelação governamental.
Em 21 de Fevereiro de 1985, Ramalho Eanes veta o diploma referente ao estatuto remuneratório dos titulares de cargos públicos. No entanto, a 13 de Março a Assembleia da República volta a aprovar o referido estatuto.
Em 4 de Junho de 1985 o PSD anuncia a sua intenção de abandonar o Governo no dia 13 de Junho, ou seja, imediatamente a seguir à assinatura do Tratado de Adesão à Comunidade Económica Europeia. Mário Soares apresenta a sua demissão.
Cavaco Silva, eleito líder do PSD em maio de 1985 (derrotando João Salgueiro, candidato da continuidade da coligação entre o PSD e o PS) defende então a realização de eleições antecipadas. Os partidos políticos, em audiências com Eanes, mostram-se favoráveis à dissolução do Parlamento, decisão anunciada pelo Presidente da República em 27 de Junho de 1985.
As eleições realizam-se em 6 de Outubro de 1985, com a vitória do PSD (29,8% dos votos) seguido do PS, do PRD, da APU e do CDS. O 10° Governo Constitucional, chefiado por Cavaco Silva, toma posse em 6 de Novembro de 1985. Ramalho Eanes aceita nomear um governo minoritário do PSD, uma vez garantida a viabilização parlamentar através da não hostilização do PRD.