Por: Nelson de Paula.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares - 27/08/2017
Nasceu em Lisboa, a 7 de Dezembro de 1924 e faleceu em Lisboa, a 7 de Janeiro de 2017. Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de Abril de 1973, o percurso de Mário Soares inicia-se nos grupos de oposição ao Estado Novo, atividades que levariam o governo de Salazar a deportá-lo para São Tomé, onde permaneceu até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o exílio na França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de Abril de 1974 afirma-se como líder partidário no campo democrático, sendo ainda Ministro de alguns dos governos provisórios. Em seguida foi Primeiro-Ministro dos I, II e IX governos constitucionais, acompanhando o processo de construção de políticas sociais pré-adesão às Comunidades Europeias. Foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.
Nascido no número 153 da Rua Gomes Freire, na extinta freguesia do Coração de Jesus, na cidade de Lisboa, Mário Soares foi o segundo filho do professor e antigo sacerdote João Lopes Soares, natural de Leiria e de Elisa Nobre Baptista, proprietária de uma pensão na Rua Ivens, natural de Santarém.
Quando nasceu, o pai e a mãe já tinham filhos de relações anteriores. Tertuliano, que já tinha 18 anos quando ele nasceu, filho de João Lopes Soares e de outra mulher e Cândido, de 17 anos, que era filho de Elisa Baptista, mas de um casamento anterior.
Em virtude das obrigações eclesiásticas de João Soares, os pais só se casaram a 5 de Setembro de 1934, já Mário Soares tinha quase 10 anos. O casamento fez-se na 7.ª conservatória do Registo Civil, em Lisboa, dado que a situação do marido, antigo sacerdote, e da mulher, que era divorciada, impediam um casamento católico. No entanto, até ao fim da vida e apesar do contencioso com a Santa Sé para que o desobrigasse do estatuto de clérigo, João Lopes Soares manteria sempre a sua fé católica.
Mário Soares licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da mesma universidade, em 1957. Após terminar a licenciatura em Histórico-Filosóficas, não lhe sendo permitido ingressar no ensino público nem particular, juntou-se aos pais na gerência do Colégio Moderno, atividade em que seria depois sucedido pela sua mulher, Maria de Jesus Barroso e, posteriormente, pela sua filha, Isabel Barroso Soares, psicóloga, além de professora do colégio.
Em finais dos anos 1950 conseguiria finalmente obter licença para exercer a função de professor do ensino particular, licença essa que lhe foi concedida pelo Ministro Francisco de Paula Leite Pinto. Enquanto advogado fez estágio com Leopoldo do Vale, ocupando em seguida um escritório na Rua do Ouro, 87, 2º, em plena Baixa de Lisboa, e mantendo parceria com Gustavo Soromenho e Pimentel Saraiva, especialistas em Direito Fiscal.
Mais tarde juntar-se-iam Vasco da Gama Fernandes e Manuel Castilho. Nas suas memórias contou que o seu maior sucesso como advogado terá ocorrido quando representou Maria Cristina de Mello contra os irmãos, na disputa por ações da CUF, vencendo em juízo o professor Marcello Caetano.