Por: Nelson de Paula.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares - 17/09/2017
Quando do seu exílio na França, em 1970, foi chargé de cours nas universidades de Paris VIII (Vincennes) e Paris IV (Sorbonne), e igualmente professor convidado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha, em Rennes, que décadas depois lhe atribuiu o grau de doutor honoris causa.
Também Manuel Cordo Boullosa lhe deu emprego como consultor jurídico do Banco Franco-Português. A sua intervenção política na França era realizada através da imprensa estrangeira e da captação de apoios internacionais.
Estando ainda nesse país, em 1972, foi à loja maçônica parisiense "Les Compagnons Ardents", da "Grande Loge de France", pedir apoio para a luta política contra o Estado Novo e ingressou na maçonaria, segundo ele próprio, optando depois por ficar "adormecido".
A 28 de Abril de 1974, três dias depois do golpe de 25 de Abril, regressou do exílio em Paris, no chamado "Comboio da Liberdade". Soares viajou acompanhado pela mulher, Maria Barroso, e por Manuel Tito de Morais e Francisco Ramos da Costa.
Dois dias depois, Soares esteve presente no Aeroporto da Portela, na chegada a Lisboa de Álvaro Cunhal. A 1 de Maio de 1974, nas primeiras comemorações do Dia do Trabalhador após o 25 de Abril, e ainda que tivessem ideias políticas diferentes, subiram de braços dados, pela primeira e última vez, as ruas da Baixa Pombalina e a Avenida da Liberdade.
Durante o período revolucionário que ficou conhecido como PREC, em que se agudiza o conflito entre os comunistas e democratas não revolucionários, Soares afirma-se como o principal líder civil do campo democrático, tendo conduzido o Partido Socialista à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975.
Foi ministro dos Negócios Estrangeiros, de Maio de 1974 a Março de 1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
A partir de Março de 1977 colaborou no processo de adesão de Portugal à Comunidade Econômica Europeia, vindo a subscrever, como primeiro-ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de Junho de 1985.