Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Santa Maria da Feira" - 12/11/2017
Em 1282, Dinis I de Portugal (1279-1325) incluiu o Castelo de Santa Maria entre os doze castelos assegurados como arras a sua consorte, a Rainha Santa Isabel. Mais tarde, ainda neste período, foi tomado pelas forças do infante Dom Afonso, em luta contra o soberano, seu pai. Quando celebrada a paz entre ambos, por iniciativa da Rainha Santa (em 1322), o domínio deste castelo (entre outros) foi outorgado a Dom Afonso, mediante o compromisso de menagem prestado por este último ao pai.
Posteriormente, em 1357, era seu alcaide o nobre Gonçalo Garcia de Figueiredo. Fernando I de Portugal (1367-1383) fez a doação das Terras de Santa Maria e seu castelo a Dom João Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos (em 10 de Setembro de 1372), que instituiu como alcaide do castelo a Dom Martim Correia.
Ao eclodir a Crise de 1383 a 1385 em Portugal, o conde de Barcelos tomou partido por Castela, atitude seguida pelo alcaide do castelo. Em 1385, o castelo e os domínios foram conquistados pelo alcaide do Castelo de Penedono, Gonçalo Vasques Coutinho, com o auxílio de recursos e gentes do Porto, para serem entregues a João I de Portugal, que por sua vez os entregou a Dom Álvaro Pereira (primo do Condestável Dom Nuno Álvares Pereira) (em 8 de abril). Posteriormente, o soberano concedeu o castelo e seus domínios a João Rodrigues de Sá.
No século XVII construiu-se dentro dos muros o Palacete dos Condes da Feira, demolido em 1929, e do qual apenas restam algumas paredes, a escadaria e o fontanário. Do mesmo período é a edificação da Capela de Nossa Senhora da Encarnação, sobre outra, mais antiga, da mesma invocação, por iniciativa de Dona Joana Forjaz Pereira de Meneses e Silva, condessa da Feira, inaugurada em 1656.
Extinta a representação dos condes da Feira (em 1700), o conjunto passou para o patrimônio da Casa do Infantado (em 1708). Em 15 de Janeiro de 1722 um violento incêndio devastou o imóvel, voltando a um longo período de ruína e abandono.
No século XIX, iniciou-se uma tímida recuperação do monumento: com o fim da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), o imóvel e terras anexas foram adquiridos em hasta pública pelo general Francisco Xavier da Silva Pereira (em 1835). Nesse período destacam-se ainda a visita por membros da família real portuguesa (em 1852), e os trabalhos de desentulhamento do antigo poço do castelo, por iniciativa da Câmara Municipal (em 1887).
No início do século XX, renovou-se o interesse público pelo monumento. Uma campanha de subscrição pública angariou fundos para obras de restauração do imóvel, cujas ruínas passaram a ser vigiadas por um guarda. Nesse período, os Drs. Gonçalves Coelho e Vaz Ferreira descobriram três inscrições epigráficas.
As primeiras obras de recuperação foram executadas pela Direção de Obras Públicas (em 1907), visitadas por Manuel II de Portugal (1908-1910) no ano seguinte. Em 1909 foi criada uma Comissão de Proteção e de Conservação do Castelo, tendo se procedido obras de beneficiação e restauro às custas de Fortunato Fonseca.