Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "São Jorge" - 10/12/2017
Sob o reinado de Fernando I de Portugal, no contexto das chamadas Guerras Fernandinas, esteve mobilizado diante do cerco castelhano de Fevereiro e Março de 1373, quando os arrabaldes da capital chegaram a ser saqueados e incendiados. Naquele ano deu-se início à nova cerca da cidade, a chamada “Cerca Nova” ou “Muralha Fernandina”, concluída dois anos mais tarde, e que se prolongava até à atual Baixa.
Nesta obra trabalharam os mestres João Fernandes e Vasco Brás. Na 3.ª guerra fernandina os arrabaldes da cidade foram novamente alvo das investidas castelhanas (Março de 1382). Acredita-se que a partir deste reinado, e até ao de Manuel I de Portugal (1495-1521), a chamada Torre de Ulisses tenha sido utilizada para guardar os documentos antigos.
No decurso da crise de sucessão e 1383-1385, Lisboa foi duramente assediada pelas forças de João I de Castela (1384). João I de Portugal (1385-1433) promoveu o atulhamento do antigo fosso, e colocou o castelo sob a invocação de São Jorge, de quem era devoto, e que alçou à categoria de padroeiro do reino, em substituição a Santiago Maior.
Sob Afonso V de Portugal tem lugar obras de remodelação no castelo. Gil Pires foi nomeado carpinteiro das obras do castelo (9 de Dezembro de 1448), com o ordenado de 400 reais brancos, sucedendo a Afonso Esteves. Em 1 de Setembro de 1485 foi nomeado mestre de pedraria dos paços Fernão da Ribeira.
Nestas funções de Paço Real, no reinado de Manuel I de Portugal o castelo foi palco da recepção a Vasco da Gama, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, no final do século XV, e da estreia, em 1502, do “Monólogo do Vaqueiro”, de Gil Vicente, primeira peça de teatro português, comemorativa do nascimento do futuro João III de Portugal.
Neste ano (1502), a Corte foi transferida para o chamado “Paço da Ribeira”, passando as dependências do castelo a ser utilizadas como aquartelamento de tropas. Nesse período teve lugar avaliação das obras das muralhas pelos pedreiros Afonso Rodrigues e João Afonso (1509) e, posteriormente, diante da derrocada da Porta da Cruz, foi procedida a sua medição por Pedro Luís (31 de Maio de 1519).
O terremoto de 1531 causou alguma ruína no Paço da Alcáçova. O castelo voltaria a sofrer com os terramotos de 1551, 1597 e 1699. Sebastião I de Portugal determinou a reedificação do Paço, então votado ao abandono, para aí estabelecer a sua residência.
O arquiteto militar Filippo Terzi emitiu um parecer sobre a obra de demolição de uma torre da cerca, existente junto à fachada principal da Igreja do Loreto (1577). No contexto da Dinastia Filipina (1580-1640) o castelo voltou a ser utilizado como aquartelamento, e agora também como prisão.