Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "São Jorge" - 17/12/2017
Quando da Restauração da Independência, o seu Alcaide, Martim Afonso Valente, honrando o juramento de fidelidade a quem tinha prestado menagem, apenas entregou a praça aos Restauradores após ter recebido instruções de Margarida de Sabóia, Duquesa de Mântua, até então vice-rainha de Portugal, que lhe ordenou a rendição em 1640.
No contexto da Guerra da Restauração (1640-1668) estão em curso obras no castelo por Teodósio de Frias, o Moço (a 30 de Dezembro de 1642), em substituição do pai, Luís de Frias, e do avô, Teodósio de Frias. Data de 6 de Novembro de 1648 carta a pedir que Nicolau de Langres se dirigisse a Lisboa para executar o desenho da construção da fortificação em torno do Castelo de São Jorge e dos muros de Lisboa.
As muralhas da cidade foram vistoriadas pelo engenheiro militar Mateus do Couto em 1650, recebendo novo projeto por Jean Gillot em 1652. Entre 1657 e 1733 tiveram lugar obras de modernização no castelo, conforme projeto de Manuel do Couto. Ainda nesse século em 1673, deu-se início à construção do Hospital dos Soldados, sob a invocação de São João de Deus, na atual Rua do Recolhimento.
Ao final do século teve lugar a construção do Recolhimento do Castelo, no ângulo sudeste do recinto. Em 1733 foi nomeado mestre das obras do castelo Custódio Vieira da Silva. O terremoto de 1 de Novembro de 1755 acarretou extensos danos ao conjunto, nomeadamente ao Hospital dos Soldados e ao Recolhimento do Castelo.
Em 1780 foram empreendidas obras para a instalação da Casa Pia, que aí esteve instalada até 1807. Em paralelo perduravam a função de aquartelamento e cadeia. No mesmo período, por volta de 1788 foi construído o Observatório Geodésico na torre sudeste, que doravante passou a ser conhecida como Torre do Observatório.
No contexto da Guerra Peninsular (1808-1814), foi utilizado como Quartel-General por Jean-Andoche Junot. Quando da 1.ª Invasão Francesa, no dia 13 de Dezembro de 1807, Junot, acompanhado pelo seu estado-maior, passou revista às tropas formadas no Rossio. Em seguida, no Castelo de São Jorge, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira francesa.
A população lisboeta reagiu violentamente à troca de pavilhões e foi necessária a intervenção da força armada para colocar fim ao tumulto. O “Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa" encontram-se classificados como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, publicado no Diário do Governo n.º 136, de 23 de Junho.
A intervenção do poder público materializou-se por iniciativa da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que, em 1929, procedeu a reparação de uma parte da muralha do caminho de ronda do lado norte.