Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Bragança" - 28/01/2018
O "Castelo de Bragança" localiza-se no alto do outeiro de Nossa Senhora do Sardão, na freguesia de Santa Maria, no centro histórico da cidade, concelho e distrito de Bragança, em Portugal. No extremo nordeste do país, em posição dominante à margem do rio Fervença, é um dos mais importantes e bem preservados castelos portugueses. Do alto de seus muros avistam-se as serras de Montesinho e de Sanabria (a norte), a de Rebordões (a nordeste) e a da Nogueira (a oeste).
Aceita-se que primitiva ocupação humana do local se deu em local vizinho da atual cidade, onde existiu um castro no período Neolítico. Durante a Romanização registrou-se uma importante transformação na organização territorial e administrativa da região ligada à estrada romana que ligava a fachada Atlântica à Meseta interior da Península, e às explorações locais de ouro, prata, ferro e estanho (França, Portelo e Guadramil). Nos séculos I a III Bragança constituiu-se num importante centro de passagem de pessoas e bens onde a presença de explorações mineiras se destacava.
A presença romana foi sucedida pela de suevos e visigodos. Posteriormente, com a invasão muçulmana, a região de Bragança transformou-se numa zona fronteiriça, sujeita a constantes saques, até quase ao início do século X, quando se reorganizou política, administrativa, religiosa e territorialmente.
Devido à sua situação geoestratégica Bragança foi conhecendo, na sua época medieval, algum destaque e evolução, sofrendo sempre grande pressão político-militar pela sua situação fronteiriça. Em meados do século X, à época do repovoamento da região de Guimarães pelo conde Hermenegildo Gonçalves e sua esposa Mumadona Dias, os domínios de Bragança tinham como senhor um irmão de Ermenegildo, o conde Paio Gonçalves.
Posteriormente, o senhorio passou para a posse de um ramo da família Mendes, encontrando-se, conforme mencionado em documento datado 7 de Julho de 1128, no domínio de Fernão Mendes de Bragança II, "tenens" da Terra de Chaves e senhor de Bragança, cunhado de D. Afonso Henriques, futuro Afonso I de Portugal (1143-1185). Considera-se que, nesse período, por razões de defesa, a povoação terá sido transferida para o atual sítio, no outeiro da Benquerença, à margem do rio Fervença, reaproveitando-se os materiais na construção das novas residências e de um castelo para a defesa das gentes.
As informações mais seguras, entretanto, referem que, pela importância de sua posição estratégica sobre a raia com a Galiza, em 1 de Junho de 1187 recebeu carta de foral de Sancho I de Portugal (1185-1211), que ordenou povoar de novo e erguer o castelo no lugar de Benquerença, dando isenções e privilégios aos moradores. Este soberano legou em testamento, em Março de 1188, verba para a construção das muralhas de Bragança, empreitada que durou várias décadas.