Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Bragança" - 11/02/2018
No contexto da afirmação da nova dinastia - a de Avis - teve lugar uma grande campanha de reforço das defesas da cidade, no tocante ao castelo, nomeadamente nas torres ladeando a porta principal, de planta pentagonal, na chamada "torre do relógio", com reforços laterais semicirculares, e nos cubelos semicirculares da barbacã do castelo, apenas documentadas em planta por Duarte de Armas.
Ao final do século terá tido lugar a construção de uma segunda linha de muralhas, com estruturas associadas às duas igrejas paroquiais extramuros, a qual poderá ter ficado incompleta, mas cujo traçado é evidente na morfologia do espaço urbano da época. Em 1401 foi estabelecida a Casa de Bragança, pelo casamento de Dom Afonso, conde de Barcelos e 1.º duque de Bragança, com Dona Beatriz, filha de Dom Nuno Álvares Pereira.
Em 1409 tiveram início os trabalhos de consolidação das muralhas e a construção de torres, obras que duraram quarenta anos. No reinado de Duarte I de Portugal (1433-1438), nas Cortes de 1439 os representantes de Bragança referiram só haver 25 vizinhos intramuros e apontaram o mau estado dos muros da vila. Afonso V de Portugal (1438-1481) fez a doação do castelo ao I duque de Bragança (a 28 de Junho de 1449).
A pedido de Dom Fernando, II duque de Bragança, o soberano concedeu o título de cidade à vila de Bragança (a 20 de Fevereiro de 1464). Sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), o alcaide Lopo de Sousa e Álvaro de Chaves, procederam reparos na muralha do castelo e barbacã, com o recurso ao trabalho braçal dos habitantes do termo da cidade (em 1505).
Neste período, a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas e recebeu o Foral Novo (a 11 de Novembro de 1514). No contexto da crise de sucessão de 1580, Bragança tomou partido por Dom António, Prior do Crato. Já em 29 de Março de 1580 foi emitida uma provisão do duque de Bragança para que o dinheiro da finta lançada para se fazer a ponte de "Muimenta", fosse aplicado na reparação dos muros e coisas necessárias para a defesa da cidade.
No século XVII, em 29 de Março de 1638 registrou-se a queda da antiga torre sobre o corpo da Igreja de São Vicente. Quando da aclamação de João IV de Portugal (1640-1656) foi nomeado governador de Trás-os-Montes o sargento-mor de Viana, Martim Velho da Fonseca, que logo tratou "da defesa dos lugares mais importantes" da Província, levantando trincheiras, nomeando capitães e dando-lhe guarnições.
Em Fevereiro de 1641 teve lugar a nomeação de Dom Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela como Governador das Armas da Província, o qual continuou a obra das trincheiras ou estacadas. A sua construção, em materiais perecíveis (terra, madeira e alvenarias pobres), com portas, obrigou a algumas demolições.
Em Outubro de 1653, os deputados de Bragança pediram à Coroa o financiamento da fortificação, argumentando que a praça estava "aberta só com duas trincheiras que os moradores fizeram". Em resposta, o soberano comprometeu-se a escrever ao Governador das Armas para se tratar da fortificação o mais breve possível.