Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Bragança" - 25/02/2018
No início do século XVIII referia-se que o castelo "em Lugar de muralhas que não tem, a rodea huma estacada, que a defende". No contexto da Guerra da Sucessão de Espanha (1701-1715) a cidade foi parcialmente ocupada por tropas espanholas, por um breve período, em 1711. Em 1715 João V de Portugal (1706-1750) compensou financeiramente o mosteiro de São Bento pelos prejuízos causados pela construção de trincheiras na cerca do mesmo. Em 30 de janeiro de 1719 o visitador proibiu as religiosas do mosteiro de Santa Clara de, estando na cerca, subirem e passarem pela "banqueta da estacada".
No mesmo período, por volta de 1721, José Cardoso Borges registrou que a cidadela tinha a forma circular com muros levantados, fortalecidos por 18 torres, que algumas se cortaram para exercício da artilharia de melhor calibre, sendo cingida por uma barbacã e esta por uma estacada.
Em 1727 o alcaide-mor Lázaro Jorge de Figueiredo Sarmento endereçou uma exposição ao soberano sobre os sucessivos esquecimentos da Casa de Bragança em pagar as obras no castelo e ele não ter fundos ou disposição de fazer mais adiamentos, até porque, à sua custa, já tinha contribuído para a reparação de várias ruínas, tal como o fizera seu pai, nelas gastando mais de 600 mil escudos.
A casa do castelo e da família encontrava-se com grande desconcerto devido aos ventos, que lhe causavam contínuas ruínas, que careciam de reparos anuais. O soberano respondeu em setembro, na qualidade de administrador do príncipe Dom José, duque de Bragança, mandando que os saldos positivos dos concelhos do termo da cidade fossem aplicados em obras públicas como a da casa do alcaide.
No ano seguinte (1728), uma provisão régia relegou as reparações do castelo e alcáçova para segundo plano, visto que os sobejos dos concelhos "tanto dos anos preteridos como de mais cinco futuros" passavam a ser afetos às reparações no Mosteiro de Santa Clara.
Dom João V incumbiu o Ouvidor da Casa de Bragança de deslocar-se aos diferentes concelhos sob jurisdição da cidade e da Casa de Bragança impondo que, de acordo com os sobejos das respetivas rendas, respeitada a proporcionalidade, se recolhesse anualmente 100 mil escudos para aplicar no castelo "até findarem os reparos que carecer".
Em 1736 Luís Caetano de Lima referiu no castelo/cerca medieval a existência de dois redentes e falsa braga, "diante da qual, pela parte da cidade se acham atados cinco baluartes pequenos e sem fosso, por serem fabricados sobre rocha viva". Em 1743 o soberano ordenou ao Provedor da comarca fazer arrematar em praça, pelo preço mais baixo, as reparações precisas nas casas do alcaide-mor.
Em 1754 há uma referência a uma "Estacada com parapeito de terra" rodeando a cidade, mas não cumprindo os objetivos, por estar arruinada. De mesmo ano existe a "Planta da praça de Bragança situada na província de Trás-os-Montes", de José Monteiro de Carvalho, com proposta de modificação das principais linhas de defesa da cidade.