Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Bragança" - 11/03/2018
Em 1 de novembro de 1755 um terremoto foi sentido na cidade, mas não causou ruína. A fortificação encontra-se descrita nas "Memórias Paroquiais" (1758), da freguesia de São João Baptista. Deste período existe uma planta da cidade, anônima e sem data, mas anterior a 1759, possivelmente com o objetivo de proceder a mudanças no projeto da nova fortificação da cidade.
No contexto da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), um exército espanhol de 40.000 homens sob o comando de Nicolás de Carvajal y Lancaster, marquês de Sarriá, invadiu Portugal (a 5 de maio de 1762) pela província de Trás-os-Montes, dando início à chamada "Guerra Fantástica". Bragança rendeu-se a 16 de maio, sendo ocupada pelos espanhois.
Na ocasião as tropas destruíram as muralhas do castelo (e as casas que então a elas se adoçavam), tentaram derrubar a torre de menagem (sem sucesso uma vez que minava água do seu alicerce) e pregaram dois pregos na boca da imagem de Santo António, existente nas portas da vila. A 4 de junho os invasores montaram acampamento numa das saídas de Bragança.
O Tenente-General marquês de Cevallos substituiu a administração portuguesa. Uma ordem real determinou o abandono da cidade e praça, vindo posteriormente os invasores a serem repelidos por forças portuguesas sob o comando de Friedrich Wilhelm Ernst zu Schaumburg-Lippe, conde de Lippe.
Neste período de ocupação foram elaboradas duas cartas da cidade pelas tropas espanholas e, por volta de 1763, uma planta de Bragança por Gioze Maria Cavagna (José Maria Cavagna), dando conta dos estragos causados pelos invasores, nomeadamente a frente leste da cerca medieval. Após a retirada espanhola, a cerca da cidade deve ter sido refeita e, em resultado do crescimento da urbe e das estratégias militares, o seu percurso relativamente modificado.
Sob o reinado de Maria I de Portugal (1777-1816), em 1781 foi instalado no castelo, com "grande e dispendiozo concerto", um Regimento de Infantaria, o que levantou protestos do alcaide-mor. Em 25 de março de 1789 o telhado da torre de menagem estava em ruína; a 20 de junho a soberana ordenou que, sem perda de tempo, se acudisse a essa ruína.
Em 1791 propôs-se o arrasamento da parte da muralha da cidadela para, no seu lugar, se construírem quartéis de Infantaria, tendo esse edifício sido traçado pelo engenheiro José Morais Antas Machado. Esse aquartelamento foi concluído em 1800.
Data de 1801, início do século XIX portanto, a “Planta da cidade de Bragança e suas dependências”, levantada pelo capitão do Real Corpo de Engenheiros, Luís Gomes de Carvalho. No contexto da Guerra Peninsular (1808-1814) a cidade repeliu as tropas napoleônicas, momento em que a região conviveu com nova onda de saques e pilhagens (1809).