Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Bragança" - 01/04/2018
A caixa das escadas em caracol que dão para a cripta, avança inferiormente no espaço, ao nível da cripta, onde tem portal de verga reta sobre chanfro. À esquerda, num plano superior, portal de arco apontado com aduela decorada por dois querubins, liga a sala que tem no pavimento a boca da cisterna, quadrangular, disposta a nordeste da torre, interiormente em rocha viva. A cisterna era alimentada pelas águas fluviais, por meio de condutas, sendo visível uma ao longo do ângulo sudoeste da caixa das escadas e a circundá-la no topo.
As salas do segundo piso não têm iluminação direta do exterior e as do terceiro comunicam entre si por vãos de verga reta assentes nos pés direitos; o balcão das escadas ao nível deste piso, assenta sobre arcos, rebocados e pintados de branco. O piso é circundado por balcão avançado, com guarda de cantaria, assente em mísulas de perfis lobulados; as salas são cobertas por abóbadas de berço em betão, seccionadas por arcos diafragmas; a sala disposta a leste, no topo das escadas, apresenta amplo portal apontado biselado e a sala maior disposta a oeste tem escada de acesso ao terraço, pavimentada a lajes de cantaria.
A cerca da vila apresenta planta circular irregular, orgânica (adaptada à morfologia do terreno), composta por muralhas aprumadas, com cerca de 2 metros de largura, reforçadas por 15 torres ou cubelos, de diferentes formas e normalmente mais altas que as muralhas, de paramentos aprumados, rematados em parapeito ameado, com ameias prismáticas de remate piramidal, de corpo largo.
Algumas das ameias são rasgadas por seteiras retangulares, mas, predominantemente, estas surgem sob as ameias ou sob as abertas, que são simples. Interiormente a muralha é circundada por adarve largo, protegido na face interna de grande parte do seu perímetro por parapeito baixo, acedido por escadas estruturadas na espessura da muralha.
Possui duas portas, em arco de volta perfeita, entre cubelos prismáticos, interligadas pela via estruturante da urbe, sendo a porta principal flanqueada por dois cubelos prismáticos e reforçada por barbacã, ambos representados nos desenhos de Duarte de Armas. A cerca integra ainda, a sudoeste, uma couraça para proteger uma fonte de abastecimento de água, o poço do rei, e, quase a oeste, uma alta torre com faces exteriores de seção semicircular ao centro.
No interior da cerca desenvolve-se o aglomerado de fundação medieval estruturado pela Rua Fernão o Bravo, com orientação leste/oeste, estabelecendo a comunicação entre as duas portas da muralha, a Porta do Sol, a leste, e a Porta da Vila ou de Santo António, a oeste, a qual dá acesso ao antigo arrabalde e ao rio. Aqui o visitante pode apreciar as edificações do “Domus Municipalis” (exemplar único no país da arquitetura civil românica e que se acredita tenha tido, primitivamente, as funções de cisterna), da Igreja de Santa Maria (ou de Nossa Senhora do Sardão) e o Pelourinho medieval.