Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Mourão" - 13/05/2018
Com a morte de Dona Teresa Gil (em 1307), Dom Dinis doou a vila a Dom Raimundo de Cardona e à sua esposa, Dona Beatriz (em 1313), na condição destes não construírem nenhuma fortificação, um testemunho de que as estruturas defensivas senhoriais ameaçavam a segurança do soberano e do próprio reino. Devido a dificuldades financeiras, Dom Raimundo leiloou a vila, que foi arrematada por um mercador de Monsaraz, Martim Silvestre, por 11.000 libras (em 19 de abril de 1317).
Ciente do fato, Dom Dinis expediu diploma ordenando a Martim Silvestre que lhe vendesse a vila de Mourão, por ser vila de fronteira e fazer parte do seu senhorio, pelo mesmo valor por que a arrematou (em 15 de maio de 1317). Na posse de Dom Dinis o primitivo castelo foi reformado, passando a contar com três torres.
O atual castelo foi erguido sob o reinado de Afonso IV de Portugal (1325-1357), com as obras a cargo do mestre de pedraria João Afonso (em 1343), conforme atesta a inscrição epigráfica junto ao Portão de Armas. Quando da crise de sucessão de 1383-1385 a vila e seu castelo tomaram partido pelo Mestre de Avis, futuro João I de Portugal (1385-1433).
Sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), entre 1498 e 1541 tiveram lugar campanhas de reconstrução nas quais intervieram Diogo e Francisco de Arruda, mestres das obras régias da comarca de “Antre-Tejo e Odiana”. Neste momento, a vila e o seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas no seu “Livro das Fortalezas” (de 1509), vindo a primeira a receber do soberano o “Foral Novo” (em 1510).
Ainda neste momento, uma carta de Nuno Velho ao soberano, datada de 25 de fevereiro de 1510, dá conta do estado das obras dos castelos de Moura e de Mourão, empreitada entregue ao mestre de pedraria Francisco de Arruda. Datam por fim deste momento, no século XVI, a edificação da igreja matriz, no interior do recinto amuralhado.
No contexto da crise de sucessão de 1580, esta vila e o seu castelo aderiram a Filipe II de Espanha. Entretanto, quando da Restauração da independência portuguesa (em 1640) o seu alcaide, Pedro Mendonça Furtado, foi um dos primeiros a hastear o pendão de João IV de Portugal (1640-1656). No contexto da Guerra da Restauração (1640-1668) em 1657 a praça foi assaltada e arrasada pelas forças espanholas.
Desse modo, no ano seguinte (em 1658) iniciou-se a remodelação da sua defesa, com projeto a cargo dos arquitetos militares franceses Nicolau de Langres e Pierre de Saint-Colombe. Estes seguiram as concepções de Vauban, dotando-a de uma dupla cintura de muralhas, adaptadas ao tiro horizontal, conferindo-lhe o formato estrelado com quatro novos baluartes, revelins e fosso, dos quais restam, hoje, poucos vestígios.
Por volta de 1661, com o auxílio da Câmara Municipal, procederam-se reparos no Castelo. Pouco depois, por volta de 1663, o arquiteto João Nunes Tinoco formulou novos planos defensivos, implantando 6 atalaias em cima dos cerros elevados que flanqueavam a fortaleza na direção do rio Guadiana.