Por: Nelson de Paula.
Castelos de Portugal - "Castelo Mendo" - 17/06/2018
Em 1979 teve lugar a elaboração de estudo de recuperação urbana e arquitetónica. Por iniciativa da Câmara Municipal de Almeida, a partir de 1998 Castelo Mendo passou a ser objeto de ações integradas no "Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal", e que visaram a recuperação dessa aldeia medieval. Desse modo, todas as fachadas e telhados das habitações da aldeia foram recuperados numa ação conjugada da autarquia e dos proprietários dos edifícios.
A Junta de Freguesia de Castelo Mendo procedeu em 1999 à recuperação e requalificação do edifício do antigo Tribunal e Cadeia, como espaço museológico, exibindo aos visitantes, peças do período romano. Falemos agora das características arquitetônicas do castelo.
Exemplar de arquitetura militar, românica e gótica, de enquadramento urbano e rural, num cabeço situado na cota de cerca de 762 metros de altitude, sobranceiro ao ribeiro de Cadelos e ao rio Côa. Integra dois núcleos urbanos muralhados, destacando-se o recinto do castelo na zona mais elevada. É rodeado por vertentes escarpadas com numerosos afloramentos rochosos e sem edificações, à excepção da zona adjacente ao caminho de acesso à Porta da Vila.
O conjunto é composto por duas cinturas muralhadas de traçado ovalado e irregular, apenas com alguns panos parcialmente ruídos e integrando diversas construções adossadas ao lado interno. O primeiro recinto muralhado apresenta traçado ovalado e integra no ângulo leste o castelo ou cidadela, com traçado de tendência triangular, e cujo acesso é feito através da Porta do Castelinho, virada a oeste e em arco pleno, coberta com abóbada de berço.
No lado oposto abre-se a Porta Falsa, da qual apenas subsiste o pé-direito. No ângulo sudoeste, adossada ao exterior da muralha, conserva-se parte da torre de menagem, de planta retangular. No seu alinhamento, mas já no lado interno, observa-se a cisterna, de planta quadrada e com cobertura plana. Junto à Porta Falsa, no lado exterior, descobrem-se as fundações de um baluarte em alvenaria, que protegia o flanco orientado para o rio.
No interior, abre-se a cisterna, de planta quadrangular, e erguem-se a Igreja de Santa Maria do Castelo e a antiga Casa da Câmara. Aqui também se observa uma pedra tumular pertencente a Miguel Augusto de Sousa Mendonça Corte Real, Fidalgo da Casa Real e Tenente-Coronel, assassinado pelos seus próprios soldados em 12 de setembro de 1840, conforme nela inscrito.