Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Almourol" - 04/11/2018
A comunicação entre as diversas partes do castelo pode ser feita através de várias passagens de cantaria. Pelo ilhote, outros caminhos foram construídos, permitindo não só o percurso pela vereda que abraça o castelo, como também a possibilidade de vislumbrar de várias perspectivas a paisagem envolvente.
Sobre a porta principal do castelo, uma inscrição epigráfica datada de 1209, menciona além da naturalidade bracarense de Gualdim Pais e da sua ação militar contra os muçulmanos no Egito e na Síria, a sua ascensão à chefia da Ordem do Templo em Portugal e subsequente construção dos castelos de Pombal, Tomar, Zêzere, Cardiga e Almourol, evidenciando que, naquele ano, o castelo de Almourol se achava, como os demais indicados, já construído.
Entretanto, uma segunda inscrição, sobre a porta interior, informa ter sido em 1209 que Gualdim Pais edificou o Castelo de Almourol. Uma terceira inscrição, sobre a porta da sacristia da igreja do Convento de Tomar, igualmente datada de 1209, semelhante à primeira, exceto na enumeração dos castelos, que compreende também os de Idanha e Monsanto, o que evidencia ser esta terceira posterior à primeira, de vez que estes dois últimos castelos são de edificação posterior a 1171.
Várias histórias populares exacerbam o romantismo associado ao castelo templário, entre as quais temos: Nos primeiros tempos da Reconquista, Dom Ramiro, um cavaleiro cristão, regressava orgulhoso de combates contra os muçulmanos quando encontrou duas mouras, mãe e filha. Trazia a jovem uma bilha de água, que assustada, deixou cair quando lhe pediu de beber rudemente o cavaleiro.
Enfurecido, acabava de tirar a vida às duas mulheres quando surgiu um jovem mouro, filho e irmão das vítimas, logo aprisionado. Dom Ramiro levou o cativo para o seu castelo, onde vivia com a própria esposa e filha, as quais o prisioneiro mouro logo planejou assassinar em represália.
Entretanto, se à mãe passou a ministrar um veneno de ação lenta, acabou por se apaixonar pela filha, a quem o pai planejava casar com um cavaleiro de sua fé. Correspondido pela jovem, que entretanto, tomara conhecimento dos planos do pai, os apaixonados deixaram o castelo e desapareceram para sempre. Reza a lenda que, nas noites de São João, o casal pode ser visto abraçado no alto da torre de menagem e, a seus pés, implorando perdão, o cruel Dom Ramiro.