Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Faria" - 25/11/2018
De acordo com a lenda do Castelo de Faria, terá resistido ao assalto por forças do reino de Castela no início de 1373. Em 1400 João I de Portugal (1385-1433) doou o castelo a Gonçalo Teles de Meneses, que ordenou a colocação da sua pedra de armas com três flores-de-lis (que viria a tornar-se a cota de armas dos condes de Faria).
Entretanto, com a afirmação da dinastia de Avis, a partir do século XV o castelo perdeu as funções defensiva e administrativa para Barcelos, sendo progressivamente abandonado até cair em ruínas. Parte das suas pedras foi utilizada para a construção do vizinho Convento da Franqueira, erguido no sopé do monte.
No século XX foram empreendidas campanhas de escavação arqueológica (1929, 1936-1940) por iniciativa do Grupo dos Alcaides de Faria Pró-Franqueira, fundada em 1929, com sede em Barcelos. Foram, desse modo, identificados os vestígios de um castro da Idade do Ferro, além dos primeiros muros que remontam à época do Condado Portucalense.
Esses castros foram colocados a descoberto os remanescentes da torre de menagem de Dom Dinis e de outra, de Dom Fernando, incluindo todo o sistema defensivo composto pelo circuito da muralha e pela barbacã, evidenciando uma evolução construtiva que, durante a Idade Média aproveitando parte das muralhas existentes, foi ampliada com o acréscimo de novas. Iniciaram, ainda, a reconstrução de uma dessas torres de menagem.
O espólio reunido nestas campanhas, composto por esporas de roldana, estribos, pomos de espadas, fivelas, fragmentos de malhas metálicas, pontas de virotão, entre outros, constitui um dos mais importantes núcleos nacionais de armamento medieval.
Esses trabalhos contribuíram para que o "Povoado do Castelo de Faria / Ruínas do Castelo de Faria e estação arqueológica subjacente" fossem classificados como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 40.684, publicado no Diário do Governo, I Série, n.º 146, de 13 de julho de 1956.
Em 1978 tiveram lugar projetos de limpeza, orientados pelo Campo Arqueológico da Universidade de Braga. Entre 1981 e 1985, Brochado de Almeida e Teresa Soeiro, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto empreenderam novas escavações no local, de modo a obter um entendimento alargado do mesmo.
Em 1 de junho de 1992, o imóvel foi afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei nº 106F/92, publicado no Diário da República, I Série A, nº 126. O castelo encontra-se implantado em ambiente rural, na cota de 250 metros acima do nível do mar, no flanco noroeste do monte da Frasqueira, entre densa mata de pinheiros, em posição dominante sobre o rio Cávado.