Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Faria" - 02/12/2018
O sítio arqueológico de Faria compreende três linhas de muralhas que identificam claramente um castro da Idade do Ferro. A muralha exterior, em direção ao leste, e antes da entrada na estrada que liga Franqueira à freguesia de Milhazes, contou com uma grande trincheira. Entre esse muro e o próximo, intermediário, existem, para leste, os remanescentes de dez edificações castrejas, circulares e ovais, algumas apresentando inclusive vestíbulo e lareira.
Para o leste ainda, em ambos os lados dessa segunda muralha, encontram-se os vestígios de edifícios circulares e retangulares. No interior do pátio superior, isolada ao centro da praça de armas do castelo medieval, ergue-se a torre de menagem, com planta retangular, em estilo românico, à qual se adoçam os restos das paredes do chamado "Palácio do Alcaide". Entre este e a parede lateral, mas em plano inferior, encontra-se um talude que sustenta as terras do terraço superior.
Durante o reinado de Fernando I de Portugal (1367-1383), quando da II Guerra com Castela, a fronteira norte de Portugal foi invadida. As forças do soberano de Castela avançavam por Viseu rumo a Santarém e Lisboa, quando uma segunda coluna, vindo da Galiza penetrou pelo Minho.
Saíram-lhe ao encontro forças portuguesas oriundas do Porto e de Barcelos, entre as quais se incluía um destacamento sob o comando de Nuno Gonçalves de Faria, alcaide do Castelo de Faria. Travando-se o encontro na altura de Barcelos, caíram as forças portuguesas, sendo capturado o alcaide de Faria.
Com receio de que a liberdade de sua pessoa fosse utilizada como moeda de troca pela posse do castelo, guarnecido pelo seu filho, concebeu um estratagema. Convencendo o comandante de Castela a levá-lo diante dos muros do castelo, a pretexto de convencer o filho à rendição, utilizou a oportunidade assim obtida para exortar o jovem à resistência, sob pena de maldição.
Morto pelos espanhóis diante do filho, pelo ato corajoso, o castelo resistiu invicto ao assalto. Vitorioso, o filho, tomou o hábito, vindo o castelo a ser sucedido por um mosteiro. O episódio foi originalmente narrado por Fernão Lopes e imortalizado por Alexandre Herculano na obra "Lendas e Narrativas".