Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Sines" - 23/12/2018
Com a elevação de Sines a cidade, a 12 de julho de 1997, foram procedidos trabalhos mais abrangentes em seu monumento, entre 1998 e 2001, numa parceria entre a Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e a Câmara Municipal de Sines, procedendo-se a recuperação e consolidação de panos exteriores das muralhas e a beneficiação de algumas zonas do seu interior, assim como o arranjo dos espaços exteriores adjacentes, visando valorizar o seu entorno. Em 2007 a Câmara Municipal procedeu a abertura de uma porta nas muralhas do castelo. A torre de menagem abriga atualmente o Museu de História Natural de Sines.
Exemplar de arquitetura militar medieval, gótica, setecentista, de enquadramento urbano, isolado, elevando-se sobre a falésia sobranceira à baía, no centro histórico da vila. A oeste encontra-se a Igreja Matriz de São Salvador e o conjunto de rampas e escadarias que ligam à praia; o espaço entre estes e o castelo corresponde ao antigo cemitério municipal, hoje ajardinado, e onde se inscreve a estátua de Vasco da Gama. No terreiro a leste encontram-se as ruínas de duas manufaturas de salga da época romana.
O castelo possui estrutura defensiva mista, com características planimétricas e estruturais medievais e bateria com parapeito e baluartes nos vértices adaptada à piro balística. Possui uma área de apenas cerca de 0,5 ha, uma vez que, à época de sua tardia construção, a povoação já estava definida.
Apresenta planta trapezoidal irregular, com muralhas verticais, amparadas por três torreões, dois de planta poligonal nos ângulos da fachada norte e uma torre de planta circular no vértice sudoeste. A torre de menagem, de planta quadrada, ergue-se a noroeste, anexa à alcáçova, dividida internamente em três pavimentos.
O seu alçado voltado para a vila é rasgado por três janelas, a superior dupla e mainelada, acredita-se que ainda contemporânea da época da construção. Na praça de armas, a oeste, junto aos dois torreões e à porta principal, identificam-se as ruínas do Paço dos Alcaides, onde, segundo a tradição, Vasco da Gama teria nascido. Embora se desconheça a sua configuração original e a sua posterior evolução arquitetônica, sabe-se que se erguia em dois pavimentos.
As construções dos aquartelamentos, de grande austeridade e distribuição irregular dos vãos nos panos de parede caiados, integram-se nas tipologias populares regionais, contrastando com a alcáçova, diversas vezes remodelada mas que conserva um carácter arquitetônico mais nobre, se bem que de grande austeridade como impera na arquitetura vernacular de carácter mais aristocrático, com as suas janelas de sacada no piso nobre, enriquecido por tetos pintados segundo o gosto rococó com molduras de concheados e elementos vegetalistas, assimétricos.