Por: Nelson de Paula.
"Castelo do Lindoso" - 24/02/2019
No século XIX no Castelo de Lindoso, estavam aquarteladas a 1ª Companhia de Artilharia nº 4 e a 4ª Companhia de Veteranos da Província do Minho, existindo ainda a Capitania-mor do Lindoso com duas companhias de Ordenanças, num total de 302 homens. Em 1801 conservava 4 canhões e alguns arcabuzes na muralha.
No contexto da Guerra Peninsular (1808-1814) acredita-se que a sua guarnição tenha estado de prontidão quando, em 1809, as tropas napoleónicas sob o comando do general Nicolas Jean de Dieu Soult, se concentravam em Ourense, nos preparativos para a invasão de Portugal. Esta, todavia, veio a materializar-se por outro trecho da fronteira.
Em 1812 foram procedidas obras de conservação no forte: no flanco direito oeste nas tenalhas e na cortina oeste junto à entrada, orçadas em 206.560 escudos. Ainda assim, no mesmo ano, uma memória descritiva datada de 26 de novembro registrou que o mesmo era de péssima construção, com os muros de alvenaria miúda, muito desligada, e ameaçando ruína em diferentes partes; os muros tinham 24 palmos de altura, os seus parapeitos e terraplenos não tinham a grossura precisa e a altura e largura dos fossos era também pouca.
Os flancos tinham apenas lugar para um canhão e 4 ou 6 homens; no seu recinto havia casernas para 50 homens e lugar para 150, se se telhasse a torre a dois ou três pavimentos e a casa contígua; por esta e outras razões, considerava-se que o forte podia apenas ser importante como posição momentânea, e para impor respeito ao inimigo quando passasse na Ponte do Cabril.
Em 1826 tiveram lugar obras de conservação no valor de 323.045 escudos de jornais e 201.940 em material: promoveu-se a reparação dos telhados de dois quartéis separados, incluindo o do armazém (que também servia de paiol), e o da torre; colocação de cal nas juntas exteriores; colocação de três novas portas em madeira de castanho e conserto de outras três; colocação de postigos de vidraças no quartel da torre; feitura de passadiço com varanda para ligação à torre; conserto do soalho do armazém.
Orçaram-se ainda em 379.620 escudos as seguintes obras: restauro das empenas para a guarda principal, casa do forno e a da lenha; janela no terceiro piso da torre; feitura para arrecadação do segundo piso da torre; canos, cumes, rufos, beirais e bocas; feitura de nova porta para a prisão nova, com postigo e grade de madeira por dentro; execução de soalho no pátio de entrada do segundo andar da torre. Sabe-se ainda de um orçamento para conserto nos telhados e portas do castelo apresenta a data de 6 de dezembro.