Por: Nelson de Paula.
"Castelo do Lindoso" - 24/03/2019
No interior, abre-se a Praça de Armas, na qual se inscreve, a norte (lado da Espanha), a torre de menagem, de planta quadrangular, elevando-se a 15 metros de altura. Esta possui porta ao nível do piso térreo, aberta em 1826 para aceder à prisão nova então criada naquele piso, e amplo vão retilíneo virado a sul, resultante do alargamento seiscentista de uma seteira.
O acesso ao interior fazia-se por portal sobrelevado, com balcão de madeira até ao adarve. É dividida internamente em dois pisos, e coroada por ameias de remate tronco-piramidal. Na Praça de Armas, entre outras construções, erguia-se uma capela e conservam-se vários corpos correspondentes aos antigos quartéis e casa do forno, bem como a cisterna quadrada com cobertura em abóbada.
A adaptação do perímetro defensivo do castelo aos tiros da artilharia, no século XVII, optou pela solução menos comum no distrito de construir um forte com planta no formato estrelado irregular, envolvendo completamente o castelo, adaptando-se à sua planimetria e mantendo-o, com cinco baluartes – dois a norte, dois a sul, e um a leste -, que permitiam o cruzamento de fogos e eliminavam os ângulos mortos.
Os baluartes são unidos por cortinas de traçado reto, com escarpa exterior baixa, em talude, em alvenaria de pedra, disposta a seco, e cunhais de cantaria, não possuindo cordão e sendo rematada em parapeito liso, ocasionalmente com canhoneiras.
Apesar disso, procederam-se a algumas alterações, como a inversão na entrada da fortificação, entaipando o portal virado à povoação e abrindo um outro no lado oposto, junto à torre de menagem, em arco de volta perfeita, encimado por balcão simples com matacão, precedido por ponte levadiça, e, provavelmente, à construção de dois espigões laterais na zona de inflexão da muralha que se sobrepuseram aos baluartes, rasgados por vãos para permitir a circulação, tendo o virado a leste ladroneira com matacães.
Os baluartes têm terrapleno normal interligado por adarve, que percorre as cortinas, o que é pouco comum nas fortificações modernas em Portugal, mas que se poderá explicar pela falta de espaço entre as duas estruturas defensivas. As guaritas cilíndricas, com cúpulas sobre pequeno friso, assentam diretamente nos ângulos flanqueados, que são cortados abruptamente. O revelim triangular com porta retilínea, que cobre a entrada, data já do século XVIII.