Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Linhares da Beira" - 05/05/2019
Situado num monte, a altitude de 809 metros, nos contrafortes da Serra da Estrela, ergue-se o vetusto castelo medieval de Linhares. As suas torres, vistas de longe, tem a imponência de firmes atalaias, moldadas no granito da Serra, cujas montanhas lhe servem de pano de fundo. O local onde a fortaleza foi erguida era na proto-história um castro da 2° idade do ferro (época de La Tène). Então, entre o séc. III a.C. e a romanização, ocuparam-no guerreiros pastores lusitanos e segundo alguns autores, chamar-se-ia Lenio.
Mas talvez mais plausível será aceitarmos uma designação medieval, com paralelo na toponímia da vizinha Castela, onde aparece também Linares, como nome de povoação e antropônimo. Nos documentos medievais, dos quais o mais importante é o foral dado por Dom Afonso Henriques a Linhares, em 1169, lê-se escrito em latim: “o rei Alfonso Portugalensis, juntamente com os dois filhos, que estão em Linares, que estão no lugar popular sob meu comando”.
No princípio chamava-se Linares. Depois, a partir do séc. XIV, passou a ser designada por Linhares. Da romanização, da ocupação germânica e da presença muçulmana naquele lugar, carecemos de estudos arqueológicos, embora haja comprovações toponímicas, algumas referências históricas e relatos tradicionais, que testemunham a passagem destes povos.
As armas vitoriosas de Afonso III de Leão, conquistaram Linhares no ano 900, numa das grandes incursões daquele rei, para cá do rio Douro. Os muçulmanos, tempos depois da presúria de Afonso III de Leão, reconquistaram o local e a área e só em tempos de Dom Afonso Henriques os cristãos garantiram a posse efetiva do lugar e a ocupação de outros pontos estratégicos da fronteira Norte-Sul, tais como Trancoso e Celorico da Beira, lugares onde o Rei Conquistador ordenou fossem construídas fortalezas e fez povoamento.
De fato, observando nestes castelos os aparelhos mais antigos, verifica-se que correspondem ao tipo moçarabe (séc. XII), de que é exemplo o Castelo de Guimarães e era o modelo seguido na fortificação de um lugar. As Inquirições de 1258 dizem que os homens de Satao eram obrigados à anúduva dos castelos da Guarda e de Linhares, isto é, a trabalharem na reparação ou ampliação destes castelos. E isto porque estes castelos faziam parte do sistema defensivo daquela região.
A meia lua que entra no brazão de armas de Linhares pode estar ligada a esta vitória sobre os Cavaleiros do Crescente, isto é, os Muçulmanos. De igual modo, as estrelas deste brazão, memorizam a derrota do exército leonês alcançada em 1189 por cavaleiros de Linhares e de Celorico da Beira.