Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Linhares da Beira" - 12/05/2019
Este castelo tinha por alcaides dois irmãos, Rodrigo Mendes e Gonçalo Mendes. A importância estratégica deste castelo, na da defesa de Portugal, situado numa linha de penetração, que vinha de Castela chegava a Coimbra e a Lisboa, levou o rei Dom Dinis, a ampliar e fortificar as muralhas de Linhares.
Destas obras ressalta-se a Torre de Menagem. É nitidamente uma obra dionisiana, identificada pelos balcões de mata-cães, ou ladroneiras, preparados para oferecer surpresas em caso de assédio, delas jorrando setas, pelouros, agua e azeite ferventes. Um destes balcões ergue-se alguns metros acima da porta aberta a meia altura, numa das faces da torre de menagem, a principal do castelo.
Ao cunhal nordeste e a face sudoeste ligam-se lances de muralha, que correm de norte a sul, assentes na rocha e se deslocam para oeste, formando uma linha poligonal que fecha um amplo terreiro, onde se abrigava a população da vila. O Caminho da ronda, ou adarve, circunda o perímetro da muralha, de suficiente largura para não impedir o trabalho da defesa.
Duas outras muralhas estenderam-se para nascente, fechadas por uma segunda Torre. Deste modo um segundo terreiro ficava também protegido no interior. Duas robustas portas mantém o estilo da construção inicial. O castelo de Linhares foi há anos restaurado pelos Monumentos Nacionais.
O papel de Linhares na defesa de Portugal, durante a primeira dinastia, esta ligado à História Nacional. Todas as incursões militares vindas de Leão e Castela a atingiram. Na Batalha de Trancoso e na Batalha de Aljubarrota estiveram homens de Celorico e de Linhares. A importância do castelo de Linhares decaiu com a queda da cavalaria castelhana nas batalhas que referimos.
O triunfo da infantaria em Aljubarrota e o aparecimento das armas de fogo modificaram os sistemas de defesa medievais, assentes na linha dos castelos roqueiros. No séc. XIV, o aparecimento de seteiras recruzetadas nos merlões e ameias do castelo de Linhares, mostram a necessidade de adaptação às armas ligeiras de fogo. Porém, os pesados canhões, os obuses e as minas tornaram vulneráveis as fortificações medievais.
Daí a necessidade de as substituir por fortalezas do tipo das de Almeida. Na sua época e no seu tempo medieval, o papel defensivo do Castelo de Linhares foi fundamental e brilhante, retardando ou dissuadindo os avanços inimigos.
Martim Afonso de Melo, alcaide de Linhares, seguiu Dom João I de Castela movido pelos compromissos feudais e pelo interesse de benefícios. Como não os conseguiu, afastou-se. Mas o Mestre de Aviz não lhe perdoou e dispôs da vila a favor de Dom Egan Coelho. Quando se deu a batalha de Trancoso, os homens bons de Linhares e os de Celorico participaram nela.