Por: Nelson de Paula.
"Forte de São João Baptista da Praia" - 19/05/2019
Forte de São João Baptista da Praia Formosa, também denominado como Castelo de São João Baptista ou Castelo da Praia, localiza-se na praia Formosa, na freguesia da Almagreira, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição estratégica sobre este trecho da costa da ilha, constituiu-se em um forte destinado à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.
As recentes campanhas de prospecção arqueológica nele desenvolvidas levantam a possibilidade de constituir-se na mais antiga estrutura de fortificação no arquipélago. A praia onde se localiza encontra-se referida no mapa dos Açores, de autoria de Luís Teixeira, datado de 1584, com o nome de "Plaia Hermosa".
O Alvará Real de 6 de agosto de 1683 nomeou Vicente Pires Ferreira, por falecimento de seu pai, Rodrigo Gonçalves Ferreira, como condestável do Castelo e Redutos do lugar da praia de São João da ilha de Santa Maria, vencendo o mesmo soldo. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte , da Praya, e os dous Redutos" na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".
Poucos anos mais tarde, o padre António Cordeiro, ao descrever as defesas da ilha, refere o Castelo da Praia: "A defeza desta Villa, & de toda a Ilha, era de antes pouca, sendo que tem huma legoa de portos por onde podia ser entrada, & o foy então tres vezes, de Mouros, Inglezes, & Franceses; mas depois se lhe fizeram no Castello da praya dous Fortes com quatorze peças".
FIGUEIREDO (1960) assim refere a baía da Praia e as suas fortificações em 1815: "a Bahia da Praia com um grande areal d'areia branca, vaza ali a ribeira dos Gatos e a da Praia que tem os quatro moinhos, e tem três castellos de que já se fez menção." E complementa: "O Castello de S. João Baptista no dito sitio da Praia com sete peças a saber duas de bronze de calibre doze e uma de ferro de calibre vinte e quatro, e tres de ferro de sete, mas todas muito arruinadas."
A "Relaço" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que "Tem um quartel alto e uma cozinha" e que se encontra arruinado. Em fins do século XX ainda se viam duas das antigas peças de artilharia abandonadas por terra junto à estrutura em ruínas, hoje desaparecidas. FERREIRA (1997) registra-lhe o estado de ruína, remontando-o ao século XVI.
Existe estudo detalhado para a consolidação e recuperação do conjunto que, em ruínas, não se encontra classificado ou protegido. O espaço do antigo forte foi utilizado como segundo palco (Palco Oportunidades - DRJ) na 23ª edição do Festival Maré de Agosto em 2007.
O mau tempo que atingiu as ilhas do Grupo Oriental entre 27 e 28 de setembro de 2011, com ventos de até 85 km/h, forte precipitação de chuvas e grandes ondulações, levou à derrocada de parte da antiga estrutura, no lado voltado para a ribeira.