Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Tomar" - 09/06/2019
Diante da extinção da Ordem dos templários pelo Papa Clemente V (1312), o rei Dom Dinis acautelou a posse dos bens dela no reino. Para melhor administrá-los, criou a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo (1321), inicialmente com sede em Castro Marim, no Algarve, transferindo-lhe o patrimônio da antiga Ordem. Poucos anos mais atarde, entretanto, a sede da nova ordem foi transferida para Tomar.
O Infante Dom Henrique, na qualidade de Governador da Ordem de Cristo, terá tido residência no Castelo de Tomar. Posteriormente, o castelo foi objeto da atenção de Dom Manuel (1495-1521) e de Dom João III (1521-1557) através de obras de restauração e reforço, quando foi ampliado o Convento de Cristo.
Por ordem do primeiro, a população intra-muros foi obrigada a transferir-se para a vila, junto ao rio em 1499; posteriormente, na primeira metade do século XVI, os Paços da Rainha foram ampliados, desenvolvendo-se as obras no sentido setentrional, entre a Charola e a Alcáçova.
Escasseiam, a partir de então as informações sobre este conjunto defensivo: em 1618, demoliu-se a torre Noroeste para se ampliar a entrada no recinto do castelo, que chegou aos nossos dias relativamente bem conservado.
A vila de Tomar foi elevada à categoria de cidade por alvará de Dona Maria II, em 13 de Fevereiro de 1844. O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1918, e como Patrimônio da Humanidade, pela Assembleia Geral da UNESCO de 27 a 30 de Junho de 1983.
Em 1973 foram procedidos trabalhos de restauro no piso do adarve no troço de muralha entre a Porta do Sol e a Torre da Rainha e, mais recentemente, em 1986, trabalhos de consolidação das muralhas junto à Porta do Sangue. O castelo apresenta elementos de arquitetura militar nos estilos românico, gótico e renascentista.
Alguns autores apontam a presença de vestígios indicativos de uma estrutura militar anterior, que poderia remontar à época romana e que teria perdurado até à época islâmica, referindo a presença, no aparelho dos muros, de algumas placas decorativas, de cronologia visigótica ou moçárabe, provavelmente oriundas do sítio de Santa Maria dos Olivais, à margem esquerda do rio Nabão.
O castelo é composto por uma dupla cintura de muralhas, que delimitavam o primitivo burgo intramuros e a praça de armas: uma num plano superior, de planta poligonal irregular, com algumas faces curvas, nascendo junto à entrada da Casa do Capítulo e terminando na Torre de Dona Catarina. Delimita a Alcáçova e mantém apenas a cisterna e a Torre de Menagem no seu interior, figura defensiva introduzida em Portugal pelos Templários e que tem, aqui, o seu testemunho mais antigo.