Por: Nelson de Paula.
"Castelo da Guarda" - 04/08/2019
No século XVIII, no Verão de 1704, Dom Pedro II de Portugal, em apoio à candidatura do arquiduque Carlos de Áustria ao trono espanhol, acompanhou-o à Guarda, para se planejar a invasão da Espanha por tropas portuguesas, que não se concretizou. Nesse século, o conjunto defensivo era constituído pelos muros onde se rasgavam: a Porta Nova (ou Porta da Covilhã), a este; a Porta do Curro e a Porta Falsa, a norte; a Porta da Erva (ou Porta da Estrela), a este, junto ao Torreão; no perímetro interno, assinalavam-se a Porta d’El Rei e a Porta Falsa, a norte; e a Porta dos Ferreiros, a este. Além dessas, subsistiam a Torre de Menagem (a sul), a Torre dos Ferreiros e a Torre Nova (ou Torre da Covilhã), a este.
Durante o século XIX, frente à expansão da malha urbana, começaram a ser demolidos os seus muros medievais, com a explosão das rochas que lhes serviam de alicerce para a abertura de ruas e a construção de edificações. Registraram-se, progressivamente em 1801, a demolição de alguns troços de muralhas; em algum momento da segunda metade do século XIX, a demolição do Torreão (Torre Velha), bem como da Porta do Curro (a norte), da Porta Nova (a sul), e do troço de muralhas junto ao Torreão e entre 1887 e 1888, a demolição da Torre Nova (Torre da Covilhã).
Ao final do período subsistia um troço de muralhas e a Porta junto à Capela do Senhor do Bonfim e um troço de muralha no terreiro do antigo Mercado dos Porcos. No início do século XX subsistia um troço da muralha no antigo Largo do Espírito Santo, fronteiro à Porta d’El Rei (1910). Nesse momento, os remanescentes do castelo medievais foram classificados como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910.
Apesar dessa providência, registrou-se ainda, em 1935, a demolição dos troços de muralhas entre a cerca do Solar Torre Vasconcelos até à altura da Rua Tenente Valadim. Um novo Decreto, em 1951, ampliou a classificação para incluir, além do castelo, a Torre dos Ferreiros, o troço de muralhas junto à torre, e os demais troços de muralha remanescentes.
A intervenção do poder público iniciou-se na década de 1940, tendo sido executadas no período diversas intervenções de consolidação, limpeza e restauro pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Esse organismo desenvolveu uma segunda campanha entre 1956 e 1965, e uma terceira, entre 1984 e 1985, quando foram promovidas diversas beneficiações.
Em 1989 foram executados trabalhos de prospecção arqueológica, a cargo do IPPC. Mais recentemente foram executados trabalhos de consolidação de muralhas (1994), elaborando-se um projeto para a recuperação da Torre dos Ferreiros (2004).