Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alcanede" - 08/09/2019
O imóvel encontra-se afeto à Direção-Geral do Patrimônio Cultural (DGPC) pelo Decreto-Lei n.º 115/2012, publicado no Diário da República, I Série, n.º 102, de 25 de maio. Em 2013 a DGCP realizou uma intervenção num dos locais do muro da barbacã do castelo, prevenindo a infiltração da água e consequente desmoronamento. No decorrer dessas obras, decorreram ainda alguns estudos arqueológicos, onde foram identificados alguns artefatos datáveis do período medieval.
De setembro a outubro do mesmo ano foram empreendidas obras de consolidação de Muralhas e Proteção das Bocas da Cisterna do castelo, orçadas em cerca de 13 mil euros, a cargo da DGPC. Exemplar de arquitetura militar, no estilo românico e gótico, de enquadramento rural, isolado no alto de um cabeço rochoso, voltado a leste.
Apresenta planta com o formato aproximadamente oval, composto por duas torres, ligadas por panos de muralhas percorridas ao alto por adarves, separadas por um pátio central assente sobre uma cisterna abobadada. O acesso faz-se por uma porta em arco de volta perfeita, encimada por uma cartela heráldica, com as armas de Avis e da vila de Alcanede.
Os adarves e a torre da entrada (torre albarrã) são coroados por merlões retangulares. Esta torre albarrã contém uma sala abobadada, através da qual se acede ao topo por uma escada de pedra. A torre de menagem, que delimita o castelo pelo lado norte, apresenta planta retangular e encontra-se parcialmente reconstruída. A visitação de 1516 referiu que esta torre era abobadada e dispunha de uma escada de pedra.
No pano da muralha voltada à serra estão adossados três cubelos. O castelo é envolvido por uma barbacã, presentemente constituída por um muro simples. Em seu interior, destacam-se ainda três portas de cantarias decoradas e um interessante cachorro, representando a cabeça de um bovino.
A tradição local recorda a lenda de um pote com ouro e de um pote com peste enterrados no castelo. É uma narrativa semelhante às conhecidas arcas do castelo de Montemor-o-Velho, versão popular do mito clássico da Arca de Pandora.