Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Belver" - 22/09/2019
O terremoto de 1755 causou ao castelo de Belver sérios danos estruturais, agravados pelo estado de abandono em que mergulhou durante o século XIX, quando passou a ser utilizado como cemitério da povoação de Belver (em 1846). No século XX, o terremoto de 1909 causou novos danos à fortificação, despertando a atenção das autoridades, que a elevaram à categoria de Monumento Nacional desde Junho de 1910.
Na década de 1940 foram-lhe procedidas obras de reconstrução integral, a cargo da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Posteriormente, foram-lhe procedidas intervenções de conservação nas muralhas, telhados e na capela (em 1976), na instalação elétrica (em 1986) e na torre de Menagem (entre 1987 e 1988).
Em 2005, encontravam-se em curso obras de conservação e restauro, a cargo do Instituto Português do Património Arquitetônico, dentro do Programa de Recuperação de Castelos. A estrutura apresenta planta com formato aproximadamente oval, com a torre de Menagem ao centro e capela renascentista.
A torre de Menagem apresenta planta quadrangular com cunhais de cantaria e paredes espessas (cerca de 4 metros no primeiro pavimento). O primeiro pavimento é acessado por uma porta tripla em arcos redondos rasgada na face Sul, precedida de escada em alvenaria de pedra granítica adossada. No pavimento deste piso, pode-se visitar a cisterna escavada na rocha.
Nele rasga-se ainda uma janela de moldura retangular e ergue-se uma escada de acesso para a sala do segundo piso. Neste, por sua vez, rasgam-se uma janela semelhante à do pavimento inferior, uma porta em arco redondo a dar para os vestígios de uma antiga varanda e uma outra porta, também em arco redondo, que dá acesso à escada para o eirado.
Este último apresenta ameias pouco largas e adarve que rodeia a cobertura telhada da torre. Os pisos superiores têm sido aproveitados na promoção de eventos culturais. A cerca (muralha) apresenta adarve em todo o perímetro, ameias em alguns trechos e seteiras, reforçada por cubelos e dois torreões de planta retangular, com as golas abertas para o adarve.
A Sul abre-se a porta principal, em arco de volta redonda, datando do século XV, ladeada por dois cubelos desiguais. No lado Oeste, localiza-se uma cisterna, com duas bocas redondas, e no lado Norte, ergue-se a Capela de São Brás.
No interior desta capela destacam-se o altar-mor de talha e os numerosos bustos-relicários das relíquias da Palestina que outrora se expunham sobre o altar, oferecido pelo Grão Prior do Crato ao príncipe Dom Luís, filho de Dom Manuel I.