Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Paderne" - 20/10/2019
O processo de abandono do castelo foi agravado com os estragos causados pelo terremoto de 1755 à estrutura, em particular à sua torre de menagem, como registrado pelas "Memórias Paroquiais de 1758". As ruínas do castelo, constituídas por alguns troços de muralhas, a torre albarrã e as paredes da capela em seu interior, no qual se abria uma cisterna, entulhada, foram classificadas como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto N.º 516/71 de 22-11.
O imóvel dispõe de uma Zona Especial de Proteção demarcada pela Portaria N.º 978 / 99, in Diário da República (2.ª série). O castelo foi adquirido pelo Ministério da Cultura, através do IPPAR, em Setembro de 1997. A partir de então, este órgão (Direcção Regional de Faro), iniciou-lhe trabalhos de prospecção arqueológica (a cargo de Helena Maria Gomes Catarino, em co-direção com Isabel Inácio e colaboração de Ricardo Teixeira), no âmbito de um projeto mais amplo, de recuperação e valorização museológica.
A silhueta do Castelo de Paderne é configurada por muralhas de traçado reto e regular. O imóvel apresenta um perímetro aproximado de 230 metros e 3.100 m² de superfície, pelo que é uma estrutura militar de tamanho bastante moderado. Talvez por tratar-se de uma fortaleza de pequena escala, localizada num sítio tão escarpado, o quebrar dos muros fosse o recurso defensivo suficiente para compensar a falta de torres.
As muralhas apresentam a forma de um polígono irregular de 10 lados que modela uma forma quase trapezoidal, orientada na bissectriz do quadrante nordeste, em coerência com a topografia do local e a forma e orientação do cabeço onde estão implantadas.
As características mais notáveis do recinto são o uso massivo da taipa como sistema construtivo e a inexistência de torres esquineiras ou intermédias adossadas aos muros. Salienta-se a presença de uma única torre de albarrã. Uma única porta de acesso, ao recinto, abre-se directamente ao exterior, no côvado do alçado nordeste, mas registra-se que não corresponde à preferencial tipologia almóada que é a porta em cotovelo.
A torre albarrã, avançada em relação à muralha, flanqueia o tramo Nordeste que de todos é o mais acessível e vulnerável. O termo albarrã provém da palavra árabe al-barrāniya que significa do lado de fora ou exterior. As torres albarrãs são torres desligadas da muralha e unidas a esta por um passadiço superior, que pode ser um arco de volta perfeita ou um pano de muro mais ou menos extenso. Estas torres que se projetavam para o exterior das muralhas permitiam aos defensores atacar os agressores pelas costas.