Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Vide" - 15/12/2019
Embora seja apenas conhecido o foral manuelino é de supor um foral mais antigo para Castelo de Vide, ainda durante o séc. XIII ou princípio do XIV. Documentos recém estudados apontam para a existência, no início do séc. XIII (1233) de um núcleo populacional fortificado em Castelo de Vide e com foral próprio, que contudo não conhecemos. Em 1262 existia em Castelo de Vide alcaide, juízes, concelho e selo privativo, símbolos e cargos de uma vila medieval.
Em 1273 Castelo de Vide foi entregue a D. Afonso, fazendo parte do conjunto de terras alentejanas em que se deram as contendas entre este e seu irmão D. Dinis, após a morte de Afonso III em 1279. Castelo de Vide foi palco de um “encontro” entre os dois irmãos: em 1281 perante o desagrado que provocou em D. Dinis as notícias de fortificação de Castelo de Vide, em que este terá obrigado o irmão a derrubar as obras que havia feito na fortificação.
D. Dinis recuperou Castelo de Vide em 1312, após a morte de D. Afonso, e o estado das suas fortificações não seria o melhor. Após esta data a localidade consolida-se e afirma-se como “posto avançado” no território a Norte da Serra de São Mamede. Durante o século XIV a vertente comercial Castelo de Vide conhece uma grande expansão levando a que a população extravase o recinto muralhado original.
D. Manuel I outorga foral novo a Castelo de Vide, o único documento deste tipo relativo a Castelo de Vide que nos chegou até nós. Já em 1509 Duarte d’Armas tinha desenhado esta fortificação com uma ampla mancha de casario abaixo das muralhas. No início da Guerra da Restauração, já no século XVII a vila transpusera os limites da cerca urbana do séc. XIV ficando facilmente ao alcance do fogo inimigo, e numa situação quase insustentável. Em 1642 a solução encontrada foi a construção de baluartes e barreiras de terra em torno do castelo.
Na segunda metade do século XVII o projecto de Nicolau de Langres, assume uma maior envergadura e coloca cortinas nos alinhamentos das provisórias obras de 1642. Durante as Guerras da Restauração Castelo de Vide abastecia também as fortificações vizinhas de Montalvão e Marvão, e resistiu aos conflitos do séc. XVII sem ter sido abandonada.
Já no séc. XVIII, logo em 1705, uma violenta explosão destrói a torre de menagem medieval, onde estava instalado um paiol. Logo nessa data e até 1710, com projeto de Manuel Azevedo Fortes, Castelo de Vide conhece uma nova campanha de fortificação com a edificação do Forte de São Roque, e o prolongamento da fortificação abaluartada para sudeste (Muralha dos Loureiros ou da Conceição) que englobava no seu interior o Bairro da Conceição e o Convento de São Francisco, protegendo a mancha urbana que se espalhara para sudeste.