Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Vide" - 22/12/2019
Constrói-se uma nova porta, Porta de Aramenha, edificada com pedras que dizem ter sido retiradas das vizinhas ruínas da cidade romana de Ammaia, e que estaria no lugar da Porta do Carro. Na década de 20 do século XIX a Praça de Castelo de Vide é desativada e no final do século, a Porta da Aramenha é destruída.Em 1910 o castelo de Castelo de Vide é classificado como Monumento Nacional.
Durante este século são de realçar as intervenções promovidas pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que entre 1936 e 1948 promoveram a reconstrução de panos de muralha. Estas intervenções foram acontecendo ao longo de todo o século XX.
Entre 1985 e 1990 o castelo de Castelo de Vide conhece campanhas arqueológicas sob a direção de Jorge Oliveira. Já no final do mesmo século e no princípio do séc. XXI, novas campanhas arqueológicas em Castelo de Vide, relacionadas com minimização de impactos, consolidaram algumas informações já existentes sobre a evolução deste sistema fortificado.
Em 2002 o IPPAR lançou o “Projeto de Reabilitação do Edificado e Ordenamento Paisagístico do castelo de Castelo de Vide” que se centrou na alcáçova medieval com algumas ações de arranjo e musealização e acolhimento do visitante. Castelo de Vide é composto pelo conjunto do castelo e da cerca urbana. Estes são complementares entre si, funcional e arquitetonicamente.
O Castelo ocupa o canto sul da vila fortificada, com os seus muros na rigorosa continuidade da cerca urbana. Terá sido o primeiro elemento a ser construído na campanha de obras do séc. XIV, sendo as muralhas completadas até 1327. Apresenta uma planta não totalmente ortogonal, como aparenta o desenho de Duarte d’Armas de 1509.
O acesso era feito pelo interior da vila e não directamente do exterior. Para aqui abria-se a porta da traição, bastante ampla e semelhante às restantes portas. As portas ocorrem em lados contrários no castelo, como se verifica na maioria dos castelos da Idade Média. A porta de entrada no castelo terá mudado de posição possivelmente no final do reinado de D. Manuel ou imediatamente a seguir. Todo o castelo é rodeado por uma barbacã.
A torre de menagem ergue-se na esquina menos protegida, no único canto da alcáçova que não confina com a povoação fortificada. Era uma torre imponente com cerca de 20 m de altura, distribuídos por uma planta quadrada de 16 m de lado. No tempo de D. Manuel foi acrescentado um piso mais leve, com um pé-direito mais reduzido, mas onde se previu janelas genuínas e dois fogões de sala com chaminé e é assinalado por Duarte d’Armas como “my bom apousentamento em cyma”.
Não tem ameias. A ligeira torsão que apresenta relativamente à esquina do castelo não está ainda bem esclarecida: pode resultar de condicionamentos militares concretos ou então estar alinhada com um pano de muralha desenterrado no meio do pátio de armas, o que significaria uma construção anterior ao séc. XIV.