Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Montemor-o-Velho" - 26/01/2020
O Castelo de Montemor-o-Velho localiza-se na Vila, Freguesia e Concelho de mesmo nome, Distrito de Coimbra, em Portugal. Em posição dominante sobre a vila, na margem direita do rio Mondego, à época junto à sua foz, no contexto da Reconquista cristã da Península Ibérica, constituiu-se em um ponto estratégico na defesa da linha fronteiriça do baixo Mondego, em particular da região de Coimbra. Foi, por essa razão, a principal fortificação da região, à época.
A primitiva povoação do sítio de Montemor-o-Velho remonta à pré-história, ocupada sucessivamente por Romanos, Visigodos e Muçulmanos, atraídos pelo estanho da Beira Alta, escoado pelo curso do Mondego. Da época romana, são testemunhos alguns dos silhares de pedra integrados à base da torre de menagem do castelo medieval.
As primeiras referências documentais à povoação e seu castelo remontam ao século IX, quando Ramiro I das Astúrias e seu tio, o abade João do Mosteiro do Lorvão, o conquistaram (848). O soberano transmitiu ao tio estes domínios, com o encargo de defender o castelo, mantendo-lhe guarnição, cuja alcaidaria João entregou a D. Bermudo, filho de sua irmã, D. Urraca. Ainda naquele ano resistiu ao cerco que lhe foi imposto pelo califa de Córdoba, Abderramão II.
A posse da região entre os rios Douro e Mondego alternou-se entre cristãos e muçulmanos desde a segunda metade do século X até ao início do XI. De acordo com a Crónica dos Godos, a primitiva fortificação de Montemor foi conquistada pelas forças de Almançor (Dezembro de 990) – que a terão reedificado, passando a ser seu "tenens" Froila Gonçalves -, para ser recuperada pelos cristãos (Mendo Luz, 1006 ou 1017, sucedido no governo do castelo por Gonçalo Viegas), novamente conquistada pelos muçulmanos (1026), reconquistada por Gonçalo Trastamariz (1034), que ficou como seu governador e fronteiro-mor.
De volta à posse muçulmana, a posse cristã definitiva, entretanto, só ocorreria sob Fernando Magno após a conquista definitiva de Coimbra (1064), assegurando a fronteira no Mondego.
O domínio militar da região de Coimbra foi entregue pelo soberano ao conde D. Sesnando Davides, que além de pacificá-la e defendê-la, procedeu uma vasta obra de reorganização, compreendendo a reconstrução de diversos castelos, como o de Coimbra, o da Lousã, o de Montemor-o-Velho, o de Penacova e o de Penela.
Vindo o soberano a falecer, os trabalhos de reparo e reforço de Montemor-o-Velho, arruinado pelas sucessivas campanhas e desguarnecido pelo despovoamento da região, foram conduzidos sob o reinado de seu sucessor, Afonso VI de Leão e Castela, que os teria determinado possivelmente em 1088, mas anteriormente a 1091, ano do falecimento do conde Sesnando.
Por ordem deste, desde 1090 se iniciara a edificação da igreja pelo presbítero Vermudo, com a condição de que metade das rendas passassem a pertencer à Sé de Coimbra. Concluída em 1095, foi lavrada a escritura de doação dessa parte. Ainda nesse ano, a povoação recebeu Carta de Foral.