Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alcantarilha" - 22/03/2020
Ainda à época, Frei João de São José testemunhou: "Esta vila se começou a cercar agora em nossos dias, por ocasião de uma saída que fizeram os mouros na costa do mar que perto está, o ano do Senhor de 1550, em que a saquearam com alguns lugarinhos que não longe dela estão." (Frei João de SÃO JOSÉ. Coreografia do Reino do Algarve, 1577. In: "Duas Descrições do Algarve do Século XVI", 1983, p. 46.)
Embora em nossos dias se coloque em causa a data de 1550 referida pelo religioso para o ataque, contrapropondo-se a mais provável, de 1559, quando está documentado o saque de Alcantarilha e dos lugares vizinhos pelos mouros, depreende-se que as obras à época da publicação, ainda não estavam adiantadas.
Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), Henrique Fernandes Serrão confirma-o: "O lugar de Alcantarilha (...) é de duzentos moradores, foi mandado cercar de muros, tem um pedaço cercado da parte do mar”. (SERRÃO, Henrique. História do Reino Algarve, c. 1600. In: "Duas Descrições do Algarve do Século XVI", 1983, pp. 157-158.)
Ainda no mesmo período, a "Descrição" de Alexandre Massai (1621) registrou: "RELAÇÃO, E, TRAÇA, DO, LUGAR, DE, ALCANTARILHA. Este lugar está no meio de dois vales que em cada qual deles no Inverno corre água doce e o lugar está no alto (...) e perto da costa do mar meia légua (...).
Mandou El Rei Dom Sebastião que está em glória se cercasse este lugar de muros no ano de 1571. E da parte do mar está feito parte dele. Me veio à mão a traça e tudo me consta por ela, e por uma ordem que eu tenho em meu poder, que o dito senhor mandou que nas obras das fortificações do dito Reino do Algarve (...) se proceda conforme à dita ordem que são uns apontamentos feitos na vila de Sintra aos 29 de agosto da sobredita era, os quais são assinados por Marim Gonçalves da Câmara e Afonso Álvares. E o treslado do sobredito capítulo, de verbo a verbo, é o seguinte:
“Nas obras de Alcantarilha se deve de acabar de alevantar de pedra e cal os pedaços dos muros que estão começados e galgá-los na altura que tem o baluarte que está feito. E as mais obras se devem fazer de terra e faxina como vai ordenada. E deve-se aceitar a ajuda que o povo quer dar, porque a promessa que de antes fizeram não a puderam cumprir e por esta causa cessou a obra“.