Por: Nelson de Paula.
"Castelo de Alcantarilha" - 29/03/2020
E o treslado da traça do sobredito cerco é o que no fim desta se segue que eu tenho tresladada da original que em meu poder tenho, a qual está assinada pelo dito Martim Gonçalves da Câmara. Outro capítulo sobre o mesmo lugar, o qual é feito em 17 de Julho de 1571, que o fez o escrivão Fernão Nunes da Costa e o assinou o dito Martim Gonçalves da Câmara, cujo treslado é o seguinte:
‘A fortificação do lugar de Alcantarilha Manda Sua Alteza que se acabe o que está por fazer de terra e faxina, com sua cava ao redor, a qual fortificação se fará pela ordem declarada (...).’ A mim parece por certo o sobredito lugar digno e merecedor de se lhe acabar o sobredito cerco, porquanto junto dele está o outro lugar acima dito de Pêra.
Ambos eles estão arriscados a um assalto e cativeiro que Deus não permita, assim como eu na Relação da Vila de Loulé adverti a Vossa Senhoria que por brevidade o não torno a replicar, e também pela segurança das armações deste lugar juntas que são Pêra e Pedra da Galé, onde na costa está a família destes armadores, como Vossa Senhoria deve saber".
Da Restauração da independência aos nossos dias. Embora por vezes se afirme que, no contexto da Guerra da Restauração da independência portuguesa (1640-1668) as suas defesas foram modernizadas e adaptadas aos tiros da artilharia, em meados do século XVII o padre Luís Cardoso apenas registrou acerca da povoação e suas defesas:
"Teve algum dia princípio de muros e alguns se acham já arruinados: ficam estes voltados ao mar e só pela parte dele teve Castelo, o qual hoje se acha sem guarnição de armas, nem reparo algum que o faça defensável." É o que consta do Dicionário Geográfico, 1747, Tomo I, p. 164 (escrito pelo Padre Luís Cardoso).
Do mesmo modo, embora também se afirme que as suas defesas sofreram danos quando do terremoto de 1 de novembro de 1755, as “Memórias Paroquiais”, em 1758 apenas registram: "Teve esta terra princípio de muralhas de que se acham ainda levantadas com suas ruínas, coisa de oitenta braças, que cercam este lugar uma décima parte. Nunca foi praça de armas, nem há torre no seu distrito."
Em meados do século XIX, Silva Lopes, da Real Academia das Ciências de Lisboa, acerca de Alcantarilha registrou: "(…) Tem um castelo antigo, e ainda se descobrem muros que a cercavam; os quais foram construídos em 1550, para se pôr a coberto das incursões dos Mouros que por esses tempos infestavam as costas do Algarve.
O arco, ou porta, chamada da vila, junto ao castelo, por onde se entrava para dentro da povoação, que olha para Sé, foi demolida para meter a pedra na ponte." (SILVA LOPES, João Baptista. Corografia: ou, Memoria econômica, estadística, e topográfica do Reino do Algarve. 1841. p. 289).